Trem Republicano passa a operar entre Itu e Salto e vira opção para as férias
O Trem Republicano, projeto que surgiu há 15 anos, vai operar a partir do próximo sábado (19) entre Itu e Salto, no interior de São Paulo, de olho na alta temporada.
O projeto do trem turístico surgiu em 2005, a partir de um seminário ocorrido no Rio de Janeiro e teve uma série de capítulos e obstáculos em sua trajetória, até chegar à inauguração.
O anúncio de que a operação ocorrerá a partir desta semana foi feito pelas prefeituras das duas cidades do interior paulista em novembro.
A composição será operada por uma locomotiva a diesel fabricada pela Companhia Mogiana de Estradas de Ferro em 1952 e que pertence à ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), que atuará em parceria com a Serra Verde Express, vencedora da concorrência aberta pelo consórcio intermunicipal para a operação do sistema. A empresa paranaense já opera a maior rota turística do país, entre Curitiba e Morretes.
Serão transportados, quando as restrições devido à pandemia do novo coronavírus deixarem de ser aplicadas, até 136 passageiros por viagem, em três carros: um boutique, um turístico e um econômico.
De acordo com a Prefeitura de Salto, a data marca a concretização do projeto e prevê um novo patamar no turismo nas duas cidades. Ambas são estâncias turísticas.
A previsão é que o trem, após o período inicial, tenha circulação diária, com duas viagens em dias úteis e ao menos três aos finais de semana. A rota entre os dois municípios tem 7,6 quilômetros em cada trecho, percorrido em 45 minutos de viagem.
No início, a capacidade será limitada a 50%, ou 68 passageiros. A Serra Verde vai operar o sistema após vencer concorrência aberta pelo consórcio intermunicipal entre Salto e Itu, que tem validade de 15 anos.
Dois anos depois do surgimento da ideia do trem ligando as duas cidades interioranas foi conquistada a primeira vitória rumo à realização do projeto, quando a rodovia Engenheiro Herculano Godoy Passos foi construída deixando uma passagem sob ela para o trem. Sem ela, dificilmente a proposta teria avançado.
O consórcio foi criado oficialmente em 2008, quando as prefeituras conseguiram verba de R$ 4 milhões do Ministério do Turismo para a execução. Em 2010, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) concedeu os trilhos para a execução da ferrovia, ligando as estações ferroviárias das duas cidades.
Uma empresa chegou a construir dois quilômetros de trilhos, mas as obras pararam em 2012 devido ao atraso no repasse da verba federal e a contratada desistiu do projeto.
Em 2014, uma nova licitação foi feita para contratar outra empresa e, no mesmo ano, começaram as reformas das estações.
Uma nova paralisação ocorreu em 2016, com a falta de novos repasses financeiros, e a construção foi retomada em 2018.
Outro problema era obter uma locomotiva para comandar a composição. O consórcio conseguiu, em 2017, liberação do Dnit de uma que estava abandonada ao lado da estação ferroviária de Ribeirão Preto e foi buscá-la.
A maria-fumaça, que já tinha sido colocada numa carreta para deixar a cidade, porém, permaneceu em Ribeirão após uma decisão da Justiça.
Por fim, surgiu a opção de publicar a concorrência para a concessão da ferrovia, que agora vai se tornar realidade. Com a assinatura do acordo da empresa vencedora da disputa com a ABPF, a tão esperada locomotiva chegou, num acordo que inicialmente tem validade de dois anos.
O Trem Republicano se somará a outras rotas já operadas no interior, como a de Campinas a Jaguariúna e o Trem de Guararema.