Sobre Trilhos https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br Viaje ao passado, conheça o presente e imagine o futuro das ferrovias Mon, 06 Dec 2021 06:15:10 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Com novo sistema de abastecimento, Rumo reduz trens dentro de Araraquara e encurta viagem a Santos https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/10/01/com-novo-sistema-de-abastecimento-rumo-reduz-trens-dentro-de-araraquara-e-encurta-viagem-a-santos/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/10/01/com-novo-sistema-de-abastecimento-rumo-reduz-trens-dentro-de-araraquara-e-encurta-viagem-a-santos/#respond Fri, 01 Oct 2021 03:45:30 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/WhatsApp-Image-2021-09-30-at-20.45.09-320x213.jpeg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=3004 A inauguração do maior complexo de abastecimento da concessionária Rumo, nesta sexta-feira (1), em Araraquara, vai tirar em média 15 trens por dia da zona urbana da cidade e permitirá a redução do tempo de viagem das composições rumo ao porto de Santos.

O hub, um investimento de R$ 140 milhões, dará ganho de eficiência à concessionária por permitir o abastecimento simultâneo de até 14 locomotivas nos três postos de abastecimento implantados, com vazão média de mil litros por minuto, com o objetivo de atender as malhas administradas pela empresa (Paulista, Central e Operação Norte).

Os trens sairão da zona urbana porque foi construído em Araraquara, a partir de 2008, um contorno ferroviário, mas que não atingiu resultado total ainda porque, embora muitos trens já trafeguem fora do município, a oficina de manutenção e o posto de abastecimento ainda estavam dentro da cidade. A partir de agora, só a oficina seguirá na região central.

O objetivo da concessionária é transformar o pátio de Tutoia, que fica fora da zona central de Araraquara, no grande hub de abastecimento dos trens da Rumo que chegam de Mato Grosso, Goiás e Tocantins com destino a Santos e os que fazem o sentido inverso.

A obra foi concluída em julho e, desde então, tem passado por testes. “O que a gente trouxe foi um conceito equivalente ao do pitstop na Fórmula 1. O tempo é diferente, claro, mas o conceito é o mesmo. Você não manobra em nada o trem, não faz volta com locomotiva”, disse Darlan de David, vice-presidente de supply, projetos, expansão e segurança da Rumo.

Além de diesel, o abastecimento com areia, água e óleo lubrificante é feito em 20 minutos, operação que levaria ao menos entre uma hora e quarenta minutos e duas horas até a adoção do terminal.

É, diz David, uma mudança de patamar enorme, por acelerar os deslocamentos ferroviários até Santos. De Rondonópolis (MT), de onde as composições com 120 vagões partem rumo ao porto, o tempo gasto era de 84 horas até a implantação do sistema. Agora, foi reduzido em uma hora e 24 minutos.

“É muito relevante sobre o tempo total do trajeto dos trens. Quanto menos parar o trem, melhor, não só para chegar mais rápido no destino, mas também economizar combustível.”

A capacidade de armazenagem é de 1,2 milhão de litros de diesel, divididos em dois tanques de 600 mil litros cada. Cada locomotiva abastece, em média, 18 mil litros. Isso significa, de acordo com o vice-presidente, uma autonomia de dois a quatro dias.

Terminal de São Simão (GO) da Rumo, inaugurado em março (Divulgação/Rumo)
Terminal de São Simão (GO) da Rumo, inaugurado em março (Divulgação/Rumo)

E como esse combustível chegará ao hub? Duas possibilidades: por meio de vagões e por rodovia.

Durante a forte safra de grãos no Centro-Oeste, conta David, a prioridade nos vagões é dos clientes, o que significará transporte rodoviário do combustível, a partir da Replan, em Paulínia.

Além de Araraquara, a Rumo tem pontos de apoio para abastecimento em Rondonópolis, na Baixada e em São José do Rio Preto, que deve ser encerrado devido à proximidade com Araraquara.

A inauguração está prevista para as 9h desta sexta, com a presença do vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), que tem participado de uma série de eventos no interior paulista de olho nas eleições do ano que vem.

Com o posto de abastecimento das composições transferido para Tutoia, faltará a retirada da oficina, o que deve ocorrer até 2026.

“A gente vai tirar a operação da Rumo de dentro do município em 2026, com a transferência da manutenção para Tutoia. Há várias coisas para fazer, como realocação de oficinas, manutenção de locomotivas, então ainda vamos trafegar com algumas [na zona urbana] para fazer manutenção”, afirmou.

Até o surgimento do novo sistema, o abastecimento era feito no posto ao lado da avenida Maria Antonia de Oliveira, a Via Expressa, principal rota da cidade.

A retirada dos trilhos em Araraquara se arrasta desde 2008, primeira data prevista para entrega, ainda no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Orçada em R$ 82,9 milhões (valor nominal), em 2014 seu custo já tinha atingido R$ 125,3 milhões, ou 51% mais –devido a correções inflacionárias e readequações no projeto.

Para o prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), a importância da retirada dos trilhos está no fato de permitir a unificação da cidade, hoje dividida a partir da Vila Xavier, por onde a linha férrea corta o município.

A retirada dos trilhos unirá uma região que abriga pouco mais de 40 mil dos 240 mil habitantes de Araraquara. No local onde hoje estão os trilhos, uma área de cerca de 1 milhão de metros quadrados, a proposta da prefeitura é criar um parque linear.

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Expresso Vale das Frutas inicia operações entre 3 cidades do interior de São Paulo https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/09/23/expresso-vale-das-frutas-inicia-operacoes-entre-3-cidades-do-interior-de-sao-paulo/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/09/23/expresso-vale-das-frutas-inicia-operacoes-entre-3-cidades-do-interior-de-sao-paulo/#respond Thu, 23 Sep 2021 16:41:02 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/WhatsApp-Image-2021-09-08-at-10.19.37-320x213.jpeg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=2945 Um novo trem entrará em operação nesta sexta-feira (24) no interior paulista, ligando três cidades que no passado foram atendidas pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro e que há mais de duas décadas não têm transporte de passageiros por seus trilhos.

O Expresso Vale das Frutas ligará Louveira a Valinhos, passando por Vinhedo, num projeto que inicialmente terá duração até o próximo dia 12 de outubro, mas que já tem sido responsável pela movimentação turística e de adeptos da preservação da memória ferroviária.

O roteiro passará por antigas instalações ferroviárias, estações desativadas e imóveis que remontam ao Brasil Império, em trecho que atualmente é administrado pela MRS Logística.

A experiência do projeto Natal nos Trilhos-Expresso Paulista, desenvolvida em 2018 e 2019, fez nascer a proposta do Expresso Vale das Frutas, que ganhou carros de passageiros para poder abrigar os turistas interessados na rota.

Serão utilizadas locomotivas e carros históricos, como a GE 9380, que pertencia à empresa Fiagril e foi comprada pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) em leilão por cerca de R$ 150 mil em 2019. Restaurada em parceria com uma concessionária, foi colocada de volta aos trilhos.

Além da ABPF, a concessionária Rumo é realizadora do projeto, que tem apoio da MRS e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

“O legal é que será um desfile de carros antigos, da Paulista, Estrada de Ferro Araraquara, Rede Ferroviária Federal, uma bela salada de frutas para quem gosta de ver acervo ferroviário. E circulando nos trilhos da Paulista, para lembrar um pouco da história”, disse o presidente da ABPF, Bruno Crivelari Sanches.

A composição terá duas locomotivas a diesel e seis carros de passageiros. Outros exemplares raros são a locomotiva GE C30-7A, única do tipo que está preservada no país, e o carro de passageiros Budd/Mafersa 800, que foi transformado em salão-bar pela extinta Fepasa (Ferrovias Paulista S.A.).

Ele se soma, ainda que temporariamente, a outros roteiros existentes em São Paulo, como a Maria-Fumaça Campinas-Jaguariúna, o Trem de Guararema e o Trem Republicano -este inaugurado no ano passado.

Os passageiros poderão embarcar em qualquer uma das estações das três localidades paulistas.

O Vale das Frutas Convention & Visitors Bureau, idealizador do projeto, fez uma série de podcasts explicando a rota turística e como será a operação dos trens.

Nos episódios, destacou o uso de carros restaurados em várias oficinas da ABPF, compondo um “museu ambulante”, que o valor do ingresso tem como objetivo contribuir com a preservação ferroviária e que entidades assistenciais dos três municípios levarão pessoas assistidas por elas para visitar a rota.

Os ingressos custarão entre R$ 65,40 e R$ 98,10, dependendo do percurso escolhido. A rota entre Louveira e Vinhedo é percorrida em meia hora. De Louveira a Valinhos, a duração é de uma hora e dez minutos.

Em Louveira, a centenária estação ferroviária local, erguida em 1915 e que se localiza no centro da cidade, foi restaurada e atualmente é o centro de informações turísticas do município.

A Prefeitura de Louveira fará outras atividades na estação ferroviária durante a temporada do trem, com o objetivo de impulsionar o turismo local, com praça de alimentação e atrações culturais.

Segundo os organizadores, o trem contará com normas sanitárias devido à pandemia, como ocupação máxima de 75% da capacidade dos carros, distanciamento entre os viajantes (exceto os da mesma família), uso obrigatório de máscaras e higienização das áreas comuns a cada trecho percorrido.

Expresso Vale das Frutas
Duração: 30 minutos (trecho) ou uma hora e dez minutos (percurso inteiro)
Trecho percorrido: Louveira a Valinhos, passando por Vinhedo
Preços: de R$ 65,40 a R$ 98,10 (conforme o trecho)
Atrações: estações desativadas e imóveis que remontam ao Brasil Império

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Concessionária busca respostas para 4 problemas em ferrovias; veja quais são https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/05/26/concessionaria-busca-respostas-para-4-problemas-em-ferrovias-veja-quais-sao/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/05/26/concessionaria-busca-respostas-para-4-problemas-em-ferrovias-veja-quais-sao/#respond Wed, 26 May 2021 18:42:21 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/05/WhatsApp-Image-2021-05-18-at-22.11.20-320x213.jpeg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=2698 Há problemas nas ferrovias que, por mais que as equipes das concessionárias atuem, não conseguem solucionar, o que as obriga a buscar respostas no mercado

Como garantir informações atualizadas de rastreamento dos veículos ferroviários? Como eliminar restos de carga concentrada nos vagões? Como realizar manutenção em túneis com restrição de acesso? Como viabilizar a manutenção da via numa região com restrição de circulação de pessoas?

Para tentar encontrar soluções para esses quatro desafios, a concessionária MRS Logística lançou um programa de inovação aberta, que receberá até o dia 30 propostas de startups, universidades, empresas e especialistas no setor.

A concessionária fez uma parceria com a Neo Ventures para lançar o Open MRS, que busca ideias ou soluções para esses problemas com o objetivo de construir a “logística do futuro”, com abordagens criativas para as demandas.

Elas serão apresentados à empresa, que as avaliará e, se encontrar viabilidade na proposta, fechará contrato com as empresas ou universidades participantes, custeando a implantação –que depois poderá ter continuidade para adotar a solução em larga escala.

“É voltado para ajudar a gente a resolver desafios relevantes para nós e também para o setor ferroviário, pensando na importância que a logística tem para o Brasil. Basicamente é um programa que envolve startups e universidades para poder ajudar a gente de fato a inovar para os desafios para os quais a gente não tem resposta”, disse o gerente de gestão da inovação da MRS, Gabriel Serpa.

Os problemas são considerados alguns dos mais difíceis e que já são enfrentados pela concessionária há muito tempo. Várias soluções foram tentadas, mas nenhuma conseguiu resolver de maneira definitiva.

“Dois deles têm muito a ver com uma necessidade recente que a gente teve, de operar dentro de uma região onde não podemos entrar com pessoas e de fato muito relevantes nesse aspecto”, disse Serpa.

Segundo ele, por muito tempo a concessionária inovou por conta própria, mas desenvolver ideias em colaboração pode ser mais vantajoso para todos os envolvidos.

“Nem todas as pessoas brilhantes do mundo estão em nossa empresa, há gente brilhante fora, que ajuda a alcançar novos patamares. Vimos um amadurecimento nosso e também iniciativas em todos os setores da sociedade, valia a pena buscar esse apoio da sociedade.”

Até aqui, a concessionária já foi procurada, conforme o gerente, por embaixadas de países europeus e empresas de outros países, com propostas para a colaboração.

Desafios do tipo já foram lançados pelo setor ferroviário, como um em que a concessionária Rumo buscava soluções para melhorar a segurança nos cruzamentos entre a linha férrea e vias urbanas, as chamadas passagens em nível.

As duas, Rumo e MRS, com a VLI, lançaram também um programa para melhorar a eficiência na comunicação no porto de Santos, o principal do país.

Guilherme Delgado, gerente geral de transformação digital da MRS, disse que os problemas foram escolhidos para o programa de inovação por serem complexos.

Um dos trechos fica no entorno de Congonhas (MG), na frente norte da Ferrovia do Aço, de acordo com ele. “Não é uma iniciativa isolada, teremos esse programa de forma contínua. É o primeiro, mas teremos outros editais na frente”, disse Delgado.

A seleção dos projetos acontecerá até o dia 10 de junho.

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Soja domina embarques em trens na ferrovia Norte-Sul no primeiro semestre https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/03/04/soja-domina-embarques-em-trens-na-ferrovia-norte-sul-no-primeiro-semestre/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/03/04/soja-domina-embarques-em-trens-na-ferrovia-norte-sul-no-primeiro-semestre/#respond Thu, 04 Mar 2021 19:54:54 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/03/4-320x213.jpeg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=2392 O transporte de soja vai dominar os embarques no primeiro semestre no terminal ferroviário de São Simão (GO), inaugurado nesta quinta-feira (4) e que faz parte do primeiro dos três trechos da ferrovia Norte-Sul operados pela concessionária Rumo.

O trecho já estava em funcionamento desde a segunda semana de fevereiro, sempre transportando soja até o porto de Santos, o principal do país.

O trem que marcou oficialmente a inauguração do terminal ferroviário na cidade goiana também deixou o local nesta quinta com 120 vagões carregados de soja, cenário que só deve deixar de ocorrer a partir de julho, de acordo com o presidente da Rumo, José Alberto Abreu.

“Até junho, julho, praticamente esse vai ser o produto a ser transportado. Provavelmente a partir do segundo semestre a gente vai começar a descer com milho. E tem farelo também”, afirmou.

A Norte-Sul é uma ferrovia cuja história se arrasta desde a década de 1980. Em 13 de maio de 1987, a Folha publicou reportagem de Janio de Freitas que mostrou que a concorrência para a construção da ferrovia tinha sido uma farsa. De forma cifrada, o resultado dos vencedores da concorrência tinha sido publicado cinco dias antes.

O trecho aberto tem 172 km e conecta a cidade goiana a Estrela D’Oeste, no interior de São Paulo, que integra a chamada malha paulista, já operada pela Rumo.

Com a inauguração da rota, Abreu afirmou que São Paulo se conectará com outras regiões brasileiras, o que poderá ser importante para o transporte de cargas em geral.

“Todo o provedor de combustíveis de Mato Grosso, de diesel e gasolina, é São Paulo. Falamos de grãos, mas a Rumo sobe [a partir de Santos] com diesel, gasolina, e abastece aquele estado com combustível, já que não tem refinaria. E desce com etanol de milho, por outro lado”, afirmou.

A concessionária investiu R$ 711 milhões em obras, que incluem terminal, pontes e dezenas de quilômetros de trilhos.

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Trens passam a operar com 120 vagões para atender safra de soja em MT https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/03/01/composicoes-passam-a-operar-com-120-vagoes-para-atender-safra-de-soja-em-mt/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/03/01/composicoes-passam-a-operar-com-120-vagoes-para-atender-safra-de-soja-em-mt/#respond Mon, 01 Mar 2021 19:45:58 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/02/DJI_0049-min-320x213.jpg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=2381 Até o ano passado, os trens que deixavam Rondonópolis (MT) para levar soja até o porto de Santos, o principal do país, transportavam 7.600 toneladas, mas agora têm transportado 11.500. O que aconteceu?

Dois anos após um plano iniciado em 2018, as composições operadas pela concessionária Rumo no principal corredor ferroviário do agronegócio brasileiro agora têm feito viagens com 120 vagões, 50% a mais que os 80 utilizados até a safra passada.

Com isso, além da capacidade transportada, aumentaram o comprimento do trem –que passou de 1,5 quilômetro para 2,2 quilômetros– e a eficiência, com ganhos em emissão de gases e economia de combustível.

Após mais de 500 viagens de testes, desde o início da safra na cidade mato-grossense, em fevereiro, sete trens têm saído por dia rumo a Santos, cada um com 10.500 toneladas de soja, o que significa 73.500 toneladas diárias.

“Consigo colocar mais volume num trecho inteiro só aumentando o comprimento do trem. Ganho capacidade, reduzo o número de trens para fazer o mesmo volume. Outro ponto, a expectativa ao fazer a simulação era de que teríamos um trem muito melhor em emissão de gases e economia de combustível. Isso se mostrou de fato, tivemos economia energética 5% melhor em comparação com 2019 e uma parcela desses 5% tivemos já em função dos testes que fizemos. Em 2021 teremos isso num percentual muito maior”, disse Darlan Fábio De David, vice-presidente da Operação Norte da Rumo.

A fase de testes mostrou que, a cada 100 viagens feitas com o trem de 120 vagões, há um ganho de combustível equivalente a 4 trens.

 

Comprimento da nova composição chega a 2,2 quilômetros (Divulgação/Rumo)
Comprimento da nova composição chega a 2,2 quilômetros (Divulgação/Rumo)

Segundo ele, o plano de ganho de capacidade começou em 2018 e envolveu mapeamento da tecnologia embarcada nas locomotivas, como é o carregamento em Rondonópolis, o tempo que leva para embarcar toda a carga, como seria trafegar por todas as cidades paulistas e a chegada a Santos.

A malha paulista é altamente recortada, com curvas irregulares e traçado que dificulta a operação de grandes composições. Isso acontece devido às suas origens, entre o fim do século 19 e as primeiras décadas do século 20.

Criadas em sua maioria para atender aos interesses dos cafeicultores, as ferrovias iam até as fazendas para que as cargas de café fossem embarcadas. Lembre-se, no século 19 não havia caminhões ou outro meio de transporte que não fossem as mulas ou carroças.

De acordo com David, o trem com 120 vagões é um compromisso que a concessionária assumiu na renovação antecipada da concessão da malha paulista, que terá investimentos de R$ 6 bilhões. A concessão terá duração até 2058.

Um trem desse tamanho não é inédito no país, já que há outras ferrovias que transportam minério, por exemplo, em que as composições chegam a ter 300 vagões. Em outras, não é possível trafegar com mais de 40 vagões.

Isso é determinado conforme a existência ou não de trechos de serra ou raios de curvatura menores, por exemplo.

As ferrovias mais modernas são desenhadas para ter trens mais longos, mas isso, na avaliação de David, não significa deixar de utilizar os caminhões.

Segundo a Rumo, mais de 1.600 caminhões carregados com grãos e farelo de soja descarregam diariamente no terminal de Rondonópolis, de onde a carga embarca rumo a Santos. “Eles têm um papel fundamental na logística ferroviária, porque são o complemento. A ferrovia não chega a cada fazenda, mas o caminhão chega.”

Com a alteração no tamanho dos trens, a capacidade de cada um passou da equivalência de 173 caminhões para 261 caminhões.

De acordo com a Rumo, além das adequações feitas nas malhas paulista e norte, a operação envolvendo a malha central (ferrovia Norte-Sul), entre Porto Nacional (TO) e Estrela D’Oeste (SP) está sendo estruturada para atender as operações com os trens de 120 vagões.

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Drone passa a fazer vistoria de vagões e trilhos na serra de Paranaguá (PR) https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/09/14/drone-passa-a-fazer-vistoria-de-vagoes-e-vias-na-serra-de-paranagua/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/09/14/drone-passa-a-fazer-vistoria-de-vagoes-e-vias-na-serra-de-paranagua/#respond Mon, 14 Sep 2020 11:59:04 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/WhatsApp-Image-2020-09-12-at-19.26.39-4-320x213.jpeg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=2036 Num trecho repleto de serras e pontes, o trabalho de verificar anormalidades nos trilhos ou nos trens de carga nem sempre é fácil de ser resolvido. A solução? Colocar um drone na missão.

A vistoria de vagões e trilhos na serra do mar paranaense, que antes levava uma hora ou mais para ser feita, agora tem sido realizada em poucos minutos após a concessionária Rumo passar a usar drone em substituição ao deslocamento de empregados até o ponto a ser checado.

O sistema está sendo utilizado no traçado entre a estação ferroviária Engenheiro Bley e a cidade de Morretes, no Paraná, desde o dia 11 de agosto.

“Escolhemos a região de Curitiba por causa da serra de Paranaguá, que tem locais com mais risco de segurança. O foco é aumento de segurança do colaborador”, disse Rodrigo de Souza, coordenador de pesquisa e desenvolvimento da Rumo.

A partir do piloto no Paraná, a tecnologia deve passar a fazer parte de outras operações da concessionária no país de forma gradativa, de acordo com ele.

“Começamos com um em Curitiba, mas com plano de expansão para o ano que vem. A principal atividade é aumentar a segurança, mas percebemos que ele consegue ajudar em outras atividades, como reduzir o tempo de revista e inspeção em locais de difícil acesso”, disse.

Para chegar até alguns pontos na serra, era necessário que os técnicos percorressem até dois quilômetros, distância que o drone faz rapidamente e em segurança. Uma lanterna foi adaptada ao equipamento, para melhorar a visibilidade noturna.

Entre os problemas que o equipamento visualiza estão de cortes espontâneos de mangueira a até um eventual descarrilamento. “Qualquer sensor no vagão ou via que acuse defeito, o trem para e precisa ser verificado”, disse.

O trecho todo até a descida da serra tem cerca de 40 quilômetros, com muitos pontos de difícil acesso. A estimativa da concessionária é que 70% das anormalidades podem agora ser identificadas pelo equipamento.

Gerente de inovação da Rumo, Rafael Pinto disse que numa ponte em que não é possível caminhar sobre ela o drone realiza o trabalho que teria de ser feito por duas equipes –uma de cada lado da ponte. “Nesse caso o drone gera um ganho absurdo.”

Maior operadora do país, a Rumo administra cerca de 14 mil quilômetros de trilhos em nove estados (São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins), com 1.200 locomotivas e 33 mil vagões.

O sistema de monitoramento por meio de drones também já é adotado no metrô de Salvador, com o objetivo de otimizar mão de obra e melhorar a qualidade das informações nos 33 quilômetros do sistema.

O metrô baiano tem cerca de 40 trens, transporta em média 370 mil passageiros em dias úteis e emprega 1.500 funcionários.

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Após 20 anos, três locomotivas iniciam viagem pelos trilhos rumo à preservação https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/09/12/apos-20-anos-tres-locomotivas-iniciam-viagem-pelos-trilhos-rumo-a-preservacao/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/09/12/apos-20-anos-tres-locomotivas-iniciam-viagem-pelos-trilhos-rumo-a-preservacao/#respond Sat, 12 Sep 2020 22:13:51 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/WhatsApp-Image-2020-09-11-at-15.38.14-320x213.jpeg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=2029 Depois de mais de 20 anos guardadas no depósito da Luz, em São Paulo, três locomotivas elétricas voltarão aos trilhos neste domingo (13) numa viagem rumo à preservação, em Cruzeiro.

A transferência das locomotivas à cidade do interior, distante 219 quilômetros da capital, será concluída em quatro etapas, cada uma delas percorrida em um dia.

O início da viagem será à 0h30 deste domingo, quando deixarão a Luz, rebocadas, e irão até o pátio de Manoel Feio, em Itaquaquecetuba.

Na segunda-feira (14), as locomotivas iniciarão às 8h a jornada até São José dos Campos. No mesmo horário, no dia seguinte, partirão da cidade rumo a Roseira, no maior trecho da viagem (73 quilômetros).

A transferência das locomotivas será concluída na quarta-feira (16). Elas sairão às 8h de Roseira rumo ao pátio de Cruzeiro, onde ficarão sob a guarda da ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária).

A estimativa, segundo o presidente da ABPF, Bruno Crivelari Sanches, é a de que o último trecho da viagem seja percorrido em ao menos cinco horas, por questões de segurança.

A velocidade máxima na viagem será de 30 quilômetros por hora na via principal, mas em pátios e em alguns trechos será inferior a 10 quilômetros por hora.

Isso acontecerá devido às restrições dos trens, que vão parar em todos os pátios para inspeção.

As máquinas, fabricadas entre as décadas de 40 e 50, estavam abrigadas no depósito da Luz desde 2008. Duas delas foram fabricadas pela General Electric e usadas inicialmente pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, uma das ferrovias que originaram a Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.), em 1971. Ficaram nos trilhos até 1998.

A outra é uma inglesa, produzida pela English Electric e que foi utilizada inicialmente pela antiga EFSJ (Estrada de Ferro Santos-Jundiaí) e permaneceu nos trilhos até 1996.

A operação envolve a concessionária do trecho ferroviário, MRS Logística, e a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

As três locomotivas foram inspecionadas, lubrificadas e tiveram os sistemas limpos para que pudessem ser rebocadas por outras máquinas até o destino.

Além das três, outras três locomotivas nas mesmas condições serão transferidas posteriormente à ABPF e ao IMF (Instituto de Memória Ferroviária), com sede em Rio Claro, também no interior paulista.

Uma delas será levada para a unidade da ABPF na própria capital, para preservação no pátio da Mooca, e outras duas serão rebocadas para Rio Claro.

Em Cruzeiro, os trens farão parte de um acervo com 10 locomotivas elétricas e 8 a vapor, além de 14 carros de passageiros. Do total, duas pequenas locomotivas usadas para serviços de manobra e no pátio estão operacionais. Há uma outra passando por restauro.

A cidade faz parte da regional Sul de Minas da associação, que inclui o Trem de Guararema e o Trem da Serra da Mantiqueira, que já voltaram aos trilhos depois de cinco meses parados por conta da pandemia do novo coronavírus.

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Resgatadas, seis locomotivas farão parte de acervos de associações de preservação https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/09/09/resgatadas-seis-locomotivas-farao-parte-de-acervos-de-associacoes-de-preservacao/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/09/09/resgatadas-seis-locomotivas-farao-parte-de-acervos-de-associacoes-de-preservacao/#respond Wed, 09 Sep 2020 15:20:26 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/WhatsApp-Image-2020-09-08-at-17.29.22-320x213.jpeg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=2018 Seis antigas locomotivas elétricas que foram fabricadas entre as décadas de 40 e 50 deixarão a capital, onde estão sem uso há mais de 20 anos, para integrarem o acervo de duas associações de preservação.

As máquinas, que desde 2008 estão abrigadas no depósito da Luz, em São Paulo, serão incorporadas à ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) e ao IMF (Instituto de Memória Ferroviária) a partir da próxima semana.

A definição do destino ocorreu após meses de negociações envolvendo ABPF, IMF, Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), concessionária MRS e Rumo e CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

Três das locomotivas foram fabricadas pela General Electric nos EUA em 1946, enquanto outras três são de produção da English Electric, na Inglaterra.

As da GE foram usadas pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, uma das ferrovias que originaram a Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.), em 1971, e foram utilizadas até 1998.

Já as inglesas, produzidas entre 1949 e 1955, serviram inicialmente à antiga EFSJ (Estrada de Ferro Santos-Jundiaí) e permaneceram nos trilhos até 1996.

“O pátio [em Cruzeiro] está sendo preparado para receber essas locomotivas, que são bem mais pesadas do que o que a gente costuma ter aqui”, disse Bruno Crivelari Sanches, presidente da ABPF.

Três locomotivas devem chegar a Cruzeiro no dia 16, numa operação que será feita pela própria ferrovia e com aval e participação da MRS. Elas foram inspecionadas, lubrificadas e tiveram os sistemas limpos para que pudessem ser rebocadas por outras máquinas até o destino.

Serão transferidas a partir de sábado (12) duas inglesas e uma norte-americana. Elas deixarão a Luz e seguirão para o pátio de Manoel Feio, onde ficarão até segunda-feira (14), quando deixarão o local e irão até São José dos Campos. No dia seguinte, se deslocarão até Roseira e, no dia 16, chegarão a Cruzeiro.

Outra inglesa será levada posteriormente para a unidade da associação na própria capital, para preservação no pátio da Mooca, e as outras duas norte-americanas serão rebocadas para Rio Claro, para serem preservadas na sede do IMF.

“É histórico, não só por conseguir trazê-las para cá, mas também por viabilizar uma parceria envolvendo ABPF, MRS e CPTM”, afirmou Sanches.

Em Cruzeiro, os trens farão parte de um acervo com 10 locomotivas elétricas e 8 a vapor, além de 14 carros de passageiros. Do total, duas pequenas locomotivas usadas para serviços de manobra e no pátio estão operacionais. Há uma outra passando por restauro.

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Contorno ferroviário de 59 km vai tirar trens da zona urbana de Rio Preto https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/09/03/contorno-ferroviario-de-59-km-vai-tirar-trens-da-zona-urbana-de-rio-preto/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/09/03/contorno-ferroviario-de-59-km-vai-tirar-trens-da-zona-urbana-de-rio-preto/#respond Thu, 03 Sep 2020 10:20:43 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/b0d8ed7653f316d351e7bfdd4523c6d1595905d971f6ebaf01d83e991e021e84_5ae21ce0a679b-320x213.jpg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=1948 A renovação antecipada da concessão da malha ferroviária paulista deve resultar em investimentos de R$ 500 milhões na região de São José do Rio Preto nos próximos anos para resolver um problema histórico: a passagem de trens várias vezes por dia na zona urbana da principal cidade regional.

A solução do gargalo deve ser uma das prioridades da concessionária Rumo depois de ter assinado a renovação antecipada do contrato, em maio, ao lado de obras similares em Araraquara e Rio Claro. O valor total a ser investido em obras deve alcançar R$ 1 bilhão, o que significa que metade do total será destinado a Rio Preto.

A cidade registrou, em 2013, um descarrilamento de trem na área urbana que resultou em oito mortos, seis feridos e na destruição de duas casas, além de interditar a ferrovia por nove dias.

Já em Araraquara e Rio Claro, as obras terão como objetivo fazer com que os trens não entrem mais na zona urbana para abastecerem ou passarem por manutenção.

pacote de obras para tirar os trens da área urbana de Rio Preto resultará num contorno ferroviário com 59 quilômetros de extensão, com 20 viadutos e 5 pontes. As obras dependem de licenciamentos, mas a prefeitura projeta que estejam concluídas até 2026.

Hoje, a malha férrea corta a cidade em cerca de 15 quilômetros de extensão, o que trava o trânsito. O contorno, quando concluído, fará com que os trens trafeguem a pelo menos 10 quilômetros de distância da zona urbana.

O prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo (MDB), quer a saída dos trens, mas não dos trilhos que hoje dividem a cidade e podem, conforme proposta do governo, abrigar um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), que seria cedido à iniciativa privada.

A prorrogação do contrato de concessão da malha paulista foi assinada em 27 de maio. Conforme a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), os investimentos a serem realizados pela concessionária que não estavam previstos no contrato original totalizam cerca de R$ 6 bilhões.

Após o investimento, a malha paulista poderá mais do que dobrar a sua capacidade de transporte.

Presidente da Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária), Vicente Abate disse que a prorrogação do contrato é importante para melhorar o desempenho do setor, que em 2019 chegou a operar com 90% de ociosidade e teve o pior cenário nos últimos dez anos.

A indústria aposta que boa parte do valor total a ser investido pela Rumo será em vagões e locomotivas. “Foi um marco histórico, que abrirá caminho para a renovação das outras concessões”, disse.

E por quais motivos há tantos conflitos entre trens e a zona urbana das cidades?

As ferrovias se desenvolveram rumo ao interior paulista entre o fim do século 19 e as primeiras décadas do século passado principalmente para facilitar o escoamento da produção de café rumo ao porto de Santos.

Com isso, muitos núcleos urbanos começaram a se formar no entorno das estações ferroviárias e deram origem a várias cidades, como Brodowski.

Além disso, como o objetivo era transportar o café, a ferrovia chegava às fazendas, o que fez com que seu traçado seja sinuoso e ineficiente em alguns locais.

Isso fez com que até hoje existam curvas inadequadas e rampas acentuadas, que exigem que os trens trafeguem em baixa velocidade em alguns pontos. O mesmo se aplica aos perímetros urbanos, em que as composições reduzem a velocidade devido ao risco de atropelamentos e colisões com veículos.

Ao buscar a renovação antecipada da concessão, a Rumo produziu um caderno de obrigações com contrapartidas que contempla obras em ao menos 35 cidades paulistas, que vão de contornos ferroviários à reativação de ramais, passando por viadutos, passarelas e pontes.

Esses conflitos urbanos já fizeram a própria concessionária lançar um edital para startups, empreendedores e estudantes apresentarem projetos com soluções inovadoras para melhorar a  segurança nos cruzamentos e reduzir colisões entre trens e veículos e atropelamentos.

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Estudo indica união da ferrovia com o agronegócio para desenvolver o país https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/08/17/estudo-indica-uniao-da-ferrovia-com-o-agronegocio-para-desenvolver-o-pais/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/08/17/estudo-indica-uniao-da-ferrovia-com-o-agronegocio-para-desenvolver-o-pais/#respond Mon, 17 Aug 2020 10:20:05 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/WhatsApp-Image-2020-06-03-at-09.18.24-320x213.jpeg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=1944 Um estudo desenvolvido pelo Instituto de Engenharia, organização com mais de cem anos de atuação, mostra que o caminho para o escoamento da produção do agronegócio nacional é o investimento no desenvolvimento ferroviário do país.

Juntos, podem contribuir para o crescimento da economia do país, gerando empregos, reduzindo custos –em relação ao sistema rodoviário, emissão de gás carbônico e perdas–, e ampliando a capacidade de transporte devido ao tamanho das composições, diz o instituto.

Além disso, as ferrovias impulsionariam a tecnologia e a infraestrutura dos municípios em setores como energia e telecomunicações, segundo o estudo “Ocupação Sustentável do Território Nacional pela Ferrovia Associada ao Agronegócio”.

Conforme o trabalho do instituto, a ocupação territorial produtiva nos eixos Oeste (Mato Grosso) e Nordeste (Matopiba e norte de Goiás) continua a se expandir pelas condições favoráveis da terra e tecnologia empregada, mas, devido à logística, a produção precisa ser escoada na maior parte pelos portos do Sul e Sudeste, a longas distâncias rodoviárias, elevando custos.

O estudo faz ainda comparações com o modal rodoviário, como a que mostra que uma composição ferroviária com 134 vagões tem capacidade de transportar o equivalente a 500 carretas de minério.

Além disso, mostra que apesar de o país ter em tese uma malha ferroviária de 29 mil quilômetros, apenas 10 mil quilômetros estão em uso, insuficiente para a demanda.

“É pouco principalmente se levarmos em conta que essas ferrovias foram criadas para atender principalmente café e passageiros [no século 19]. Muitas das ferrovias que estão desativadas estão adequadas ao agronegócio e em regiões do agro. A ferrovia de Petrolina a Salvador, que está desativada, com pouco uso, é o principal eixo para a exportação de frutas”, disse o consultor Jorge Hori, relator dos estudos do instituto.

Outra rota que poderia ter melhor destinação, segundo ele, é a ferrovia entre Teresina e o litoral da Paraíba, também desativada.

As ferrovias surgiram em São Paulo a partir da segunda metade do século 19 para atender principalmente interesses dos cafeicultores em trechos curtos, razão pela qual seu traçado até hoje é sinuoso em alguns locais –seguia a lógica de passar nas lavouras de café para embarcar com destino ao porto de Santos.

Com isso, há curvas inadequadas, rampas acentuadas, os trens precisam trafegar em baixa velocidade e composições cortam a zona urbana de importantes cidades.

Essas inadequações devem sumir a partir da assinatura da renovação antecipada da concessão da malha paulista, dando mais segurança e velocidade ao sistema ferroviário.

Ao buscar a renovação da concessão, a Rumo, concessionária que administra a malha, produziu um caderno de obrigações com contrapartidas que contempla obras em ao menos 35 municípios paulistas, que vão de contornos ferroviários à reativação de ramais, passando por viadutos, passarelas e pontes.

A discussão sobre os gargalos ferroviários foi a primeira feita pela entidade pelo fato de a logística nacional estar muito ruim, segundo Eduardo Lafraia, presidente do instituto, para quem as ferrovias ainda têm o papel de integrar o território nacional.

“Praticamente cada estação virou uma cidade no estado de São Paulo. Falamos também do planejamento disso, como levar o desenvolvimento para esses lugares. Falamos de ferrovia, mas também de levar junto todos os equipamentos, o desenvolvimento do mundo de hoje, quem vai morar nesses lugares são pessoas tecnicamente preparadas e precisam do conforto da vida moderna”, disse.

Segundo a ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), o transporte de minério e carvão representa 80% do volume total do setor.

Hori disse que as concessionárias de ferrovias se atentaram para a importância do transporte desses produtos, mas precisam ter a percepção de que o agro é um grande mercado para elas, o que poderá ser mostrado já nos próximos anos.

“Primeiro com a conclusão da Norte-Sul, mas também a Fiol [Ferrovia de Integração Oeste-Leste], a Fico [Ferrovia de Integração do Centro-Oeste] e a malha paulista.”

Conforme Lafraia, o estudo é desenvolvido há quatro anos e não tem de ser visto como um programa de governo, mas de Estado.

“Não acreditamos que vá depender só de governo [o desenvolvimento ferroviário], mas de dinheiro privado. Uma coisa que a gente nota muito claramente é que a pandemia que para o mundo todo não está parando o nosso agronegócio. Por isso temos de estudar, tem uma coisa fora de moda no Brasil que se chama planejamento”, afirmou o presidente do instituto.

Conforme ele, o país costuma ter planos para quatro anos –período dos mandatos no Executivo–, mas para ferrovias deveria pensar em no mínimo 20 anos. “Apesar da crise que passamos nosso agro está funcionando bem, se desenvolvendo, e temos de dar condições para ele. Quando falamos de logística boa, na verdade estamos falando em diminuir o custo de transporte.”

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