Há 20 anos, acidente envolvendo 2 trens em SP deixou 9 mortos e 115 feridos

Há exatos 20 anos, na noite de 28 de julho de 2000, um acidente envolvendo dois trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) deixou 9 mortos e 115 feridos na capital, em um dos mais trágicos acidentes envolvendo composições ferroviárias no país.

Naquele dia, dois trens se chocaram violentamente na estação de Perus, na então linha A (Brás-Francisco Morato). Uma queda de energia elétrica no sistema entre as estações Jaraguá e Perus, provocada por falha na rede elétrica da companhia, foi apontada como responsável pelo acidente entre as duas composições.

Houve uma falha no sistema de energia das 19h35 às 19h40 e o trem que iria para Francisco Morato parou no meio da linha, num trecho de descida. Uma hora e meia depois, só com os condutores, ele começou a andar devido a uma falha no sistema de freio. Percorreu cinco quilômetros até se chocar com o trem que estava parado em Perus para que passageiros descessem.

O acidente mobilizou dezenas de equipes de resgate, que em duas horas tinham removido todos os feridos para hospitais da região.

Um laudo do IC (Instituto de Criminalística), divulgado pouco mais de dois meses após o acidente, responsabilizou a CPTM pela tragédia. “Houve falha no gerenciamento operacional para neutralização da possibilidade da movimentação da composição”, dizia trecho do laudo.

Em 2012, a CPTM foi condenada em primeira instância a pagar indenização para as vítimas do acidente em Perus.

O acidente na capital não foi o pior em número de mortos ou feridos na história ferroviária brasileira, já que em 1987 um acidente envolvendo dois trens matou 58 pessoas e deixou outras 140 feridas.

Outro desastre, em 1969, foi emblemático pela forma como aconteceu. Em 21 de março daquele ano, dois trens se chocaram no trecho da EFSJ (Estrada de Ferro Santos-Jundiaí), a antiga São Paulo Railway, entre as estações Perus e Caieiras, provocando as mortes de ao menos 21 pessoas e deixando outras 300 feridas.

O acidente aconteceu minutos após uma composição elétrica partir da estação Caieiras com seis vagões lotados de passageiros. Pouco mais de três quilômetros depois da saída, o trem bateu de frente com uma locomotiva diesel numa curva.

O impacto foi tão forte, conforme relato da Folha à época, que a locomotiva a diesel entrou no primeiro vagão do trem de passageiros “como um abridor de latas”. O segundo vagão tombou e os quatro de trás sofreram abalos.

Imagens do acidente ferroviário que deixou 21 mortos em Perus, em 1969 (Reprodução)

A lista de acidentes em ferrovias brasileiras, aliás, é extensa, especialmente no período em que as composições de passageiros ainda existiam. Abaixo, alguns dos mais graves:

Outubro de 1958
14 mortos e dezenas de feridos (próximo à estação da Lapa)

Março de 1959
50 mortos e mais de cem feridos (estação Engenheiro Goulart)

Março de 1968
16 mortos e 35 feridos (trem da Central do Brasil bate em um ônibus no Tatuapé)

Janeiro de 1968
7 mortos e 70 feridos (batida de um trem de carga com trem de passageiros num túnel na serra do Mar)

Março de 1969
21 mortos e 300 feridos (entre Perus e Caieiras)

Junho de 1972
24 mortos e 66 feridos (um trem foi atingido por outra composição que ia no mesmo sentido)

Fevereiro de 1987
O pior em número de mortos: 58, com 140 feridos (dois trens da CBTU colidem a 300 m da estação de Itaquera)

Abril de 1987
231 feridos (colisão entre dois trens de subúrbio da CBTU, a 2 km da estação Perus)