Sobre Trilhos https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br Viaje ao passado, conheça o presente e imagine o futuro das ferrovias Mon, 06 Dec 2021 06:15:10 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Celebração do Natal será feita em trens noturnos no interior de SP; veja datas https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/11/16/celebracao-do-natal-sera-feita-em-trens-noturnos-no-interior-de-sp-veja-datas/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/11/16/celebracao-do-natal-sera-feita-em-trens-noturnos-no-interior-de-sp-veja-datas/#respond Tue, 16 Nov 2021 10:48:25 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/d866e8201ad57ecb1922c347f2cfc6ae1ff83352146bc03dda1c5ab2ffd5eb0e_5be74b0e2440f-320x213.jpeg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=3124 Depois de um hiato em 2020 devido à pandemia da Covid-19, o Natal voltará a ser celebrado nos trilhos neste ano no interior de São Paulo.

Com decoração especial, brincadeiras e entrega de presentes pelo Papai Noel, o trem natalino percorrerá a rota entre Campinas e Jaguariúna no período noturno em três datas: 4, 11 e 18 de dezembro.

Batizado de Expresso Noel, o trem terá decoração interna especial nos carros de passageiros e será conduzido por uma locomotiva também iluminada.

Nas três datas, sempre aos sábados, o trem partirá da estação Anhumas, em Campinas, às 18h, com destino à estação Jaguariúna, na cidade vizinha. Meia hora antes, o Papai Noel e a fada chegarão de trem à estação de origem.

“É um passeio que já virou tradição e os passageiros aguardam por ele”, disse Mauricio Polli, tesoureiro da ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), que oferece a rota desde a década de 80.

Segundo ele, haverá distribuição de balas às crianças que participarem do roteiro, com a presença do Papai Noel e de uma fada.

O trem tem chegada prevista para as 19h30 em Jaguariúna, com uma hora e meia de intervalo até o retorno, programado para as 21h, com chegada às 22h.

Os ingressos do primeiro lote custam R$ 120 (adultos) e R$ 80 (crianças de 6 a 12 anos). Para os pais que desejarem, o Papai Noel poderá entregar um presente aos filhos (taxa de R$ 35, além do presente, que já deverá ser levado embalado).

Maria-fumaça Campinas-Jaguariúna
Rota: estação Anhumas à estação Jaguariúna, passando por outras três no trecho
Duração*: 3h30 (completo, ida e volta) e 2h (meio percurso)
Preços*: R$ 150 (inteira), R$ 90 (meia-entrada ou ingresso solidário) no percurso completo e R$ 70 (meia ou ingresso solidário) no meio percurso
Atrações: demonstração da operação do trem, música e antigas fazendas

(*) passeios normais, diurnos, aos sábados e domingos

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Conheça a história da locomotiva que teve o destino mudado 8 vezes até levar turistas na Serra da Mantiqueira https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/10/28/conheca-a-historia-da-locomotiva-que-teve-o-destino-mudado-8-vezes-ate-levar-turistas-na-serra-da-mantiqueira/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/10/28/conheca-a-historia-da-locomotiva-que-teve-o-destino-mudado-8-vezes-ate-levar-turistas-na-serra-da-mantiqueira/#respond Thu, 28 Oct 2021 10:25:36 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/3-320x213.jpg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=3093 Ela começou sua vida na Leopoldina Railway, mas passou por outros oito locais antes de transportar turistas no Trem da Serra da Mantiqueira. A vida da quase centenária locomotiva 327 é um exemplo da dinâmica comercial existente na história ferroviária brasileira.

O passado das ferrovias no país é marcado por companhias quebradas, aquisições, fusões e incorporações pelo governo. E com a 327 a história não foi diferente. Até chegar ao local em que está hoje, passou por lugares de Rio, Minas e São Paulo, atendendo a linhas regulares e turísticas.

Fabricada pela inglesa Beyer Peacock & Co. em 1928, ela era movida a lenha ou carvão e fazia parte de um lote composto por 28 locomotivas, das quais outras sete foram produzidas no mesmo ano.

A ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) conta a trajetória da locomotiva 327 a partir do encontro, em 2011, do registro da encomenda da maria-fumaça, no National Railway Museum, em York (Inglaterra).

Sua jornada nos trilhos teve início na Baixada Fluminense, atuando nos trens expressos entre a estação Barão de Mauá, no Rio, que tinha sido inaugurada em 1926, e Vitória. Era a principal linha da Leopoldina Railway, com 598 quilômetros, de um total que em 1931 tinha superado os 3.000 km de trilhos.

Mas, como as companhias que transportavam passageiros no país estavam atreladas invariavelmente à palavra crise, a Leopoldina teve uma severa… crise na década de 30, devido principalmente à quebra da Bolsa de Nova York (1929), que atingiu fortemente o café, então principal produto exportado.

E, nas décadas seguintes, a 327 passou a ser jogada para todos os lados. Atendeu a Rede Mineira de Viação, transportando passageiros entre Petrópolis (RJ) e Carangola (MG), até ser estacionada em Porto Novo, em Além Paraíba (MG).

Depois, foi para Ouro Preto (MG), em 1986, para ser usada pela primeira vez numa rota turística. Mas foi por pouco tempo, já que a rota não prosperou, o que fez com que a locomotiva retornasse a Porto Novo.

A segunda tentativa de usá-la para fins turísticos ocorreu em Miguel Pereira (RJ), num trecho de cerca de 20 quilômetros até Conrado, mas um problema num tubo condutor de vapor fez com que fosse novamente recolhida a Porto Novo.

A rota foi interrompida depois de um deslizamento de terra na serra, o que fez com que a 327 sofresse nova transferência, indo parar em Três Rios (RJ).

Na década de 1990, ela sofreu nova transferência, desta vez para Visconde de Itaboraí (RJ), num lote que incluía outra locomotiva e carros de passageiros e, em seguida, Guapimirim (RJ), para ser usada até Suruí e Visconde de Itaboraí, que pertenciam à extinta Flumitrens.

Só que, mais uma vez, o trem foi suspenso, por não receber o auxílio governamental prometido, o que fez com que a locomotiva fosse oferecida às regionais paulistas de Campinas e Cruzeiro da ABPF.

“O trem funcionou em Cruzeiro de 1996 a 2001 e inicialmente operava de Cruzeiro a Rufino de Almeida [estação], sendo que aos poucos foi esticando o trajeto até o grande túnel, no km 25, hoje ponto final do Trem da Serra da Mantiqueira”, diz a ABPF.

Ela sofreu duas reformas no período em que está com a ABPF, segundo o presidente da associação, Bruno Crivelari Sanches. A primeira, nos anos 2000, foi básica, mas a segunda incluiu até a remontagem da maria-fumaça nas oficinas da associação em Cruzeiro.

Enquanto ela era restaurada pela primeira vez, em 2000, surgiu o Trem das Águas, que opera entre as cidades mineiras de São Lourenço e Soledade de Minas, que começou as atividades com outras duas locomotivas. A 327, após o primeiro restauro, também foi incluída no roteiro.

Entre 2012 e 2018, a histórica locomotiva passou pela grande restauração em Cruzeiro, para que pudesse ser transferida para sua última missão até aqui: deixou o interior de São Paulo e foi levada para Passa Quatro (MG), para ser usada no Trem da Serra da Mantiqueira, o que faz até hoje.

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Após 8 anos sem acidente, 2 mulheres são atropeladas por trem turístico em SP https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/apos-8-anos-sem-acidente-2-mulheres-sao-atropeladas-por-trem-turistico-em-sp/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/10/10/apos-8-anos-sem-acidente-2-mulheres-sao-atropeladas-por-trem-turistico-em-sp/#respond Mon, 11 Oct 2021 00:08:13 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/WhatsApp-Image-2020-09-05-at-23.02.24-320x213.jpeg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=3033 Oito anos após um acidente em Jaguariúna, o trem que percorre os 24 quilômetros de trilhos entre a cidade e Campinas voltou a registrar uma ocorrência neste sábado (9), quando duas mulheres foram atingidas pela composição. Uma delas teve o antebraço esquerdo amputado.

Elas estavam num grupo com cerca de dez pessoas que tentava atravessar a ponte sobre o rio Atibaia, por onde a maria-fumaça passa, quando foram surpreendidos pela composição, que percorre o trecho todos os finais de semana.

Uma das vítimas, de 28 anos, conseguiu pular a tempo, mas outra, de 23, foi atingida pela locomotiva. Foi o primeiro acidente na ponte desde que o roteiro passou a ser oferecido, em 1984, segundo a ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), que opera a rota.

A composição, que trafega em média a 25 km/h, era formada por uma maria-fumaça, uma locomotiva a diesel e sete carros de passageiros, que transportavam cerca de 200 turistas neste sábado.

O peso estimado do trem era de 300 toneladas, o que impede, segundo o setor ferroviário, que a parada ocorra imediatamente após os freios serem acionados.

De acordo com a ABPF, o maquinista acionou a buzina e freou, o que ainda permitiu que parte das pessoas conseguisse atravessar a ponte a tempo, exceto as duas mulheres. O grupo era composto por dois casais e cinco crianças.

“Por sorte, havia um médico no trem, que fez um torniquete no braço dela. A parte atingida fica do cotovelo para baixo. Fizemos todo o possível para socorrer imediatamente. Depois, levamos a família até Anhumas e, em seguida, à casa deles. O helicóptero Águia, da PM, foi acionado para socorrer a mulher para São Paulo”, disse Hélio Gazetta Filho, diretor administrativo da ABPF.

O acidente ocorreu por volta das 13h, quando o trem retornava de Jaguariúna para a estação Anhumas, em Campinas. O grupo a pé caminhava no mesmo sentido.

O último acidente até aqui tinha sido registrado em 2013, na estação de Jaguariúna. No dia 6 de outubro daquele ano, uma turista teve o pé direito e um dedo do esquerdo amputados após ser atropelada por uma maria-fumaça.

A mulher ferida neste sábado foi levada pelo helicóptero da PM ao HC (Hospital das Clínicas), em São Paulo, para uma cirurgia de reimplante do membro.

A outra pedestre foi levada pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ao Hospital Mário Gatti, em Campinas. Ao menos uma passageira do trem passou mal após o acidente deste sábado.

Por conta de acidentes do tipo, concessionárias que administram ferrovias fazem campanhas de conscientização permanentes contra atropelamentos. Elas afirmam que a presença de pedestres é proibida nos trilhos e nas áreas próximas e que os trens têm um tempo de reação até a parada total muito maior que um automóvel.

Como exemplo, embora tenha registrado queda em relação em 2019, a concessionária MRS Logística registrou 55 atropelamentos em sua área de atuação em 2020. Batidas envolvendo trens e carros são outra preocupação.

Neste domingo (10), o roteiro entre Campinas e Jaguariúna operou normalmente, com mais carros de passageiros que no dia anterior.

Devido ao feriado prolongado, a associação colocou trens extras em operação: um nesta segunda-feira (11) e dois na terça-feira (12), quando, em celebração ao Dia da Criança, uma composição com 120 passageiros partirá da estação Anhumas, em Campinas, às 10h10.

Maria-fumaça Campinas-Jaguariúna
Rota: estação Anhumas à estação Jaguariúna, passando por outras três no trecho
Duração: 3h30 (completo, ida e volta) e 2h (meio percurso)
Preços: R$ 150 (inteira), R$ 90 (meia-entrada ou ingresso solidário, com doação de 1 kg de alimento) no percurso completo e R$ 70 (meia ou ingresso solidário) no meio percurso
Atrações: demonstração da operação do trem, música e antigas fazendas

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Com maria-fumaça e trens extras, Dia da Criança será celebrado nos trilhos em SP https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/10/08/com-maria-fumaca-e-trens-extras-dia-da-crianca-sera-celebrado-nos-trilhos-em-sp/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/10/08/com-maria-fumaca-e-trens-extras-dia-da-crianca-sera-celebrado-nos-trilhos-em-sp/#respond Fri, 08 Oct 2021 16:21:13 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/10/WhatsApp-Image-2021-10-07-at-14.43.53-320x213.jpeg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=3023 Um trem especial com direito a super-herói, fada e vagão VIP e as últimas viagens de uma composição comemorativa celebrarão o Dia da Criança neste feriado prolongado no interior de São Paulo.

Na rota entre Campinas e Jaguariúna, a maior em operação no estado, entre sábado (9) e terça-feira (12) serão oferecidas sete viagens entre as cidades, num trecho total de 48 quilômetros que permite conhecer cinco estações ferroviárias –três no trecho, além das duas de origem e destino.

Serão duas sábado (9), duas domingo (10), uma segunda-feira (11) e outras duas terça. Para comemorar o Dia da Criança, terça-feira, a composição liderada por uma maria-fumaça e que tem apenas 120 bilhetes à venda partirá da estação Anhumas, em Campinas, às 10h10, mas as atividades terão início antes.

Às 9h está prevista a chegada do Homem-Aranha e da Fada Docinho, que vão entreter as crianças até o embarque. Com o trem em movimento, as crianças receberão um kit lanche.

“É um trem especial, para celebrar a data. Teremos um carro [de passageiros] VIP, com monitor explicando mais detalhadamente o roteiro”, afirmou Mauricio Polli, tesoureiro da ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), responsável pela ferrovia.

A viagem até Jaguariúna dura uma hora e 20 minutos. Após uma parada de uma hora, o trem retornará a Campinas. Os ingressos custam R$ 150 (inteira) ou R$ 90 (ingresso solidário, com doação de um quilo de alimento).

Parte da renda obtida no roteiro é aplicada na manutenção de carros de passageiros e locomotivas e, também, na busca de mais veículos históricos.

Carro de passageiros Budd/Mafersa 800, que foi transformado em salão-bar pela extinta Fepasa (Divulgação/ABPF)
Carro de passageiros Budd/Mafersa 800, que foi transformado em salão-bar pela extinta Fepasa (Divulgação/ABPF)

Já entre Valinhos e Louveira, passando por Vinhedo, o final de semana prolongado marcará a despedida –ao menos por enquanto– do Expresso Vale das Frutas, que foi inaugurado em setembro.

O trem fará viagens entre sábado e terça-feira, ligando as três cidades do interior paulista, que no passado foram atendidas pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro e que há mais de duas décadas não tinham transporte de passageiros por seus trilhos.

O roteiro passa por antigas instalações ferroviárias, estações desativadas e imóveis que remontam ao Brasil Império, em trecho que atualmente é administrado pela MRS LogísticaOs ingressos custam de R$ 65,40 e R$ 98,10, dependendo do percurso escolhido, e podem ser adquiridos aqui.

A rota entre Louveira e Vinhedo é percorrida em meia hora. De Louveira a Valinhos, a duração é de uma hora e dez minutos.

Carros históricos da ABPF são utilizados no trecho, por isso o Trem de Guararema, que abriga esse acervo ferroviário, não vai operar neste feriado prolongado.

Maria-fumaça Campinas-Jaguariúna
Rota: estação Anhumas à estação Jaguariúna, passando por outras três no trecho
Duração: 3h30 (completo, ida e volta) e 2h (meio percurso)
Preços: R$ 150 (inteira), R$ 90 (meia-entrada ou ingresso solidário) no percurso completo e R$ 70 (meia ou ingresso solidário) no meio percurso
Atrações: demonstração da operação do trem, música e antigas fazendas

Expresso Vale das Frutas
Rota: Louveira a Valinhos, passando por Vinhedo
Duração: 30 minutos (trecho) ou uma hora e dez minutos (percurso inteiro)
Preços: de R$ 65,40 a R$ 98,10 (conforme o trecho)
Atrações: estações desativadas e imóveis que remontam ao Brasil Império

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Crise hídrica tira até maria-fumaça de circulação no interior de São Paulo https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/09/29/crise-hidrica-tira-ate-maria-fumaca-de-circulacao-no-interior-de-sao-paulo/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/09/29/crise-hidrica-tira-ate-maria-fumaca-de-circulacao-no-interior-de-sao-paulo/#respond Wed, 29 Sep 2021 20:54:02 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2020/09/WhatsApp-Image-2020-09-05-at-23.02.24-320x213.jpeg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=2968 Não está fácil para ninguém mesmo a escassez hídrica que atinge fortemente o interior de São Paulo. Tanto que até mesmo a maria-fumaça utilizada na rota entre Campinas e Jaguariúna deixará de ser utilizada na seca.

De acordo com a ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), devido ao agravamento da crise hídrica e ao risco de incêndios nas propriedades às margens da ferrovia, foi decidido que as locomotivas a vapor não serão utilizadas na rota de 24 quilômetros entre as duas cidades.

A maior parte do trecho corta propriedades rurais, algumas históricas, cuja vegetação está totalmente seca devido à estiagem prolongada.

“Este ano a estiagem está pior ainda do que em anos anteriores e está tudo muito seco. O capim às margens da linha está amarelinho, qualquer coisa que cair ali provoca incêndio”, disse Hélio Gazetta Filho, diretor administrativo da ABPF.

Para funcionar, a maria-fumaça precisa de uma caldeira, que produz o vapor usando o combustível (carvão ou lenha e água), transformando a energia em atividade mecânica. Por viagem entre as duas cidades, são gastos de 8.000 a 10 mil litros de água.

Como a maria-fumaça é um dos principais atrativos do roteiro turístico, porém, ela permanecerá na estação de Anhumas, em Campinas, para visitação dos turistas, nos horários do passeio de trem.

A tradicional demonstração do funcionamento do trem a vapor, feita antes do início das viagens, também está mantida.

Com isso, apenas locomotivas diesel elétricas serão utilizadas pela associação, até que o cenário climático permita o retorno das chamadas “mafus” aos trilhos.

Fabricadas na década de 50, as locomotivas diesel elétricas em uso pertenceram às extintas companhias ferroviárias Mogiana e Paulista.

Segundo o diretor da associação, caso chova em volume significativo, a maria-fumaça até poderá ser utilizada neste final de semana, mas por enquanto a paralisação é por tempo indeterminado. O trem opera aos sábados e domingos.

Maria-fumaça Campinas-Jaguariúna
Trecho: estação Anhumas à estação Jaguariúna, passando por outras três no trecho
Rota: 48 km (ida e volta)
Duração: 3h30 (completo, ida e volta) e 2h (meio percurso)
Preços: R$ 90 (meia-entrada ou ingresso solidário) no percurso completo e R$ 70 (meia ou ingresso solidário) no meio percurso
Atrações: demonstração da operação do trem, música e antigas fazendas

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Expresso Vale das Frutas inicia operações entre 3 cidades do interior de São Paulo https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/09/23/expresso-vale-das-frutas-inicia-operacoes-entre-3-cidades-do-interior-de-sao-paulo/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/09/23/expresso-vale-das-frutas-inicia-operacoes-entre-3-cidades-do-interior-de-sao-paulo/#respond Thu, 23 Sep 2021 16:41:02 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/WhatsApp-Image-2021-09-08-at-10.19.37-320x213.jpeg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=2945 Um novo trem entrará em operação nesta sexta-feira (24) no interior paulista, ligando três cidades que no passado foram atendidas pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro e que há mais de duas décadas não têm transporte de passageiros por seus trilhos.

O Expresso Vale das Frutas ligará Louveira a Valinhos, passando por Vinhedo, num projeto que inicialmente terá duração até o próximo dia 12 de outubro, mas que já tem sido responsável pela movimentação turística e de adeptos da preservação da memória ferroviária.

O roteiro passará por antigas instalações ferroviárias, estações desativadas e imóveis que remontam ao Brasil Império, em trecho que atualmente é administrado pela MRS Logística.

A experiência do projeto Natal nos Trilhos-Expresso Paulista, desenvolvida em 2018 e 2019, fez nascer a proposta do Expresso Vale das Frutas, que ganhou carros de passageiros para poder abrigar os turistas interessados na rota.

Serão utilizadas locomotivas e carros históricos, como a GE 9380, que pertencia à empresa Fiagril e foi comprada pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) em leilão por cerca de R$ 150 mil em 2019. Restaurada em parceria com uma concessionária, foi colocada de volta aos trilhos.

Além da ABPF, a concessionária Rumo é realizadora do projeto, que tem apoio da MRS e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

“O legal é que será um desfile de carros antigos, da Paulista, Estrada de Ferro Araraquara, Rede Ferroviária Federal, uma bela salada de frutas para quem gosta de ver acervo ferroviário. E circulando nos trilhos da Paulista, para lembrar um pouco da história”, disse o presidente da ABPF, Bruno Crivelari Sanches.

A composição terá duas locomotivas a diesel e seis carros de passageiros. Outros exemplares raros são a locomotiva GE C30-7A, única do tipo que está preservada no país, e o carro de passageiros Budd/Mafersa 800, que foi transformado em salão-bar pela extinta Fepasa (Ferrovias Paulista S.A.).

Ele se soma, ainda que temporariamente, a outros roteiros existentes em São Paulo, como a Maria-Fumaça Campinas-Jaguariúna, o Trem de Guararema e o Trem Republicano -este inaugurado no ano passado.

Os passageiros poderão embarcar em qualquer uma das estações das três localidades paulistas.

O Vale das Frutas Convention & Visitors Bureau, idealizador do projeto, fez uma série de podcasts explicando a rota turística e como será a operação dos trens.

Nos episódios, destacou o uso de carros restaurados em várias oficinas da ABPF, compondo um “museu ambulante”, que o valor do ingresso tem como objetivo contribuir com a preservação ferroviária e que entidades assistenciais dos três municípios levarão pessoas assistidas por elas para visitar a rota.

Os ingressos custarão entre R$ 65,40 e R$ 98,10, dependendo do percurso escolhido. A rota entre Louveira e Vinhedo é percorrida em meia hora. De Louveira a Valinhos, a duração é de uma hora e dez minutos.

Em Louveira, a centenária estação ferroviária local, erguida em 1915 e que se localiza no centro da cidade, foi restaurada e atualmente é o centro de informações turísticas do município.

A Prefeitura de Louveira fará outras atividades na estação ferroviária durante a temporada do trem, com o objetivo de impulsionar o turismo local, com praça de alimentação e atrações culturais.

Segundo os organizadores, o trem contará com normas sanitárias devido à pandemia, como ocupação máxima de 75% da capacidade dos carros, distanciamento entre os viajantes (exceto os da mesma família), uso obrigatório de máscaras e higienização das áreas comuns a cada trecho percorrido.

Expresso Vale das Frutas
Duração: 30 minutos (trecho) ou uma hora e dez minutos (percurso inteiro)
Trecho percorrido: Louveira a Valinhos, passando por Vinhedo
Preços: de R$ 65,40 a R$ 98,10 (conforme o trecho)
Atrações: estações desativadas e imóveis que remontam ao Brasil Império

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Restaurado após 11 anos, vagão que viraria sucata volta aos trilhos em SP https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/07/05/restaurado-apos-11-anos-vagao-que-viraria-sucata-volta-aos-trilhos-em-sp/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/07/05/restaurado-apos-11-anos-vagao-que-viraria-sucata-volta-aos-trilhos-em-sp/#respond Mon, 05 Jul 2021 11:26:44 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/07/1-320x213.jpg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=2854 Depois de chegar a entrar na fila para ser desmanchado, um carro de passageiros que foi doado pela Vale à ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) voltou aos trilhos neste domingo (4) no interior de São Paulo.

Ele não é um vagão antigo como outros já recuperados –foi produzido em 1965–, mas é emblemático para a entidade por ser o primeiro do acervo a ter pertencido à Estrada de Ferro Vitória-Minas.

Fabricado pela Companhia Industrial Santa Matilde em Três Rios (RJ), o carro de passageiros foi utilizado em toda a sua existência exclusivamente na ferrovia que liga Belo Horizonte a Cariacica (ES).

“Ele estava parado desde meados dos anos 2000 e logo que chegou para nós começamos a reformar, mas paramos por conta de outras demandas. Reiniciamos em 2020, mas veio a pandemia a paramos de novo. Conseguimos reiniciar mais uma vez, agora com apoio da Vale, que aprovou um projeto que apresentamos de restauração”, disse Hélio Gazetta Filho, diretor administrativo da ABPF, antes da viagem inaugural do carro.

Representando o antigo Trem Rio Doce, o carro de passageiros foi usado numa viagem com outros dois vagões, um que pertenceu à Estrada de Ferro Sorocabana e outro que foi usado no passado pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro.

Sim, a viagem deste domingo foi feita com somente três carros de passageiros. O movimento por conta da pandemia está muito abaixo da média, o que tem feito com que a ABPF lance campanhas oferecendo desconto de 50% nos bilhetes aos adultos que doarem um quilo de alimento não perecível para tentar atrair mais passageiros. Antes da pandemia, viagens com mais de uma dezena de vagões eram comuns.

O renascimento do carro ocorreu com a recuperação de detalhes históricos, como as maçanetas cromadas e o mapa das estações ferroviárias em que o trem fazia paradas no passado.

Após partir de Belo Horizonte, ele passava por locais como Barão de Cocais, João Monlevade, Pedra Corrida, Governador Valadares e Resplendor, entre outros.

Para que fosse possível voltar aos trilhos em Campinas, a ABPF contou com uma dose de sorte também. Em 2010, Gazetta Filho foi conhecer a oficina da Vale no Espírito Santo depois de ter embarcado em Belo Horizonte e percorrido o trecho de 664 km da Vitória-Minas.

No local, encontrou o carro agora reformado e outros dois, que estavam em péssimas condições. “Estavam podres mesmo, mas perguntaram se a gente tinha interesse. Dissemos que sim, fizemos a documentação e saíram os três carros de lá”, disse.

O carro que foi reinaugurado agora seguiu pelos trilhos até Paulínia e foi colocado numa carreta para chegar às oficinas da ABPF, na estação Carlos Gomes, em Campinas.

Já os outros dois carros foram levados pela Vale até a capital mineira, de onde seguiram para Lavras e completaram o percurso em caminhões.

O trem entre Espírito Santo e Minas Gerais percorre a rota diariamente, numa viagem que dura 13 horas e passa por margens do rio Doce, trechos de mata atlântica no Espírito Santo e montanhas em Minas.

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Conheça vagões de trem especiais e de luxo que operam na serra do Mar no PR https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/06/06/conheca-vagoes-de-trem-especiais-e-de-luxo-que-operam-na-serra-do-mar-no-pr/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/06/06/conheca-vagoes-de-trem-especiais-e-de-luxo-que-operam-na-serra-do-mar-no-pr/#respond Sun, 06 Jun 2021 11:28:06 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/06/7-320x213.jpeg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=2744 Ao viajar de trem, muitos turistas preferem entrar, literalmente, na história, ao utilizar carros de passageiros produzidos em alguns casos há mais de cem anos. Mas há os que preferem viajar em vagões mais novos ou temáticos.

Para esses, a rota ferroviária entre Curitiba e Morretes, na serra do Mar paranaense, é uma boa opção a ser considerada, por atender os mais variados gostos –e bolsos.

A rota oferece os carros de passageiros convencionais, mas também vagões temáticos e até mesmo específicos para viagens com pets.

Os mais recentes a entrar em funcionamento são o carro desenvolvido para as viagens com animais de estimação e  o que homenageia Ildefonso Pereira Correia (1849-1894), o Barão do Serro Azul, que foi o maior produtor de erva-mate do mundo e que foi morto durante a Revolução Federalista na ferrovia Paranaguá-Curitiba. Ambos são qualificados como “vagões boutique”.

O “carro do Barão”, como passou a ser chamado, tem uma varanda panorâmica de seis metros quadrados, em que é possível ao visitante sentir a natureza paranaense ainda mais de perto. Por suas características, é o último vagão da composição e também abriga menos passageiros que os carros convencionais: apenas 32.

Fabricado originalmente em 1954, o carro foi comprado pela Serra Verde Express, empresa que administra a rota ferroviária, num leilão em Vitória (ES). A reforma e transformação em vagão panorâmico custou R$ 530 mil.

Outro carro especial é o Imperial, com mesas de madeira (quadradas e redondas) que comportam quatro pessoas. Produzido com decoração refinada, foi inspirado nos anos 30, mais especificamente nos vagões-restaurante daquela década.

O Bove é o vagão destinado aos pets. Tem janelas panorâmicas e uma varanda central que acomoda até quatro pessoas.

O projeto envolveu o desenvolvimento de uma estrutura que permite que os animais fiquem fora das caixas de transporte na viagem, além de terem poltronas exclusivas. O vagão comporta 28 pessoas e possui 8 poltronas pets. Os animais de pequeno e médio portes podem viajar no colo dos passageiros e têm circulação livre pelo vagão, além de serviço de bordo, com um kit lanche especial.

O desenvolvimento desse carro, cujos assentos têm tecido impermeável, custou R$ 205 mil.

Além desses, há os carros de primeira classe batizados de Foz do Iguaçu, Copacabana (ambos com estilo neoclássico) e Curitiba, com símbolos que remetem à capital do Paraná.

São litorinas (automotrizes, que operam com um carro somente) e, por terem ar condicionado e janelas fechadas, não têm sido utilizadas em tempos de pandemia.

Os bilhetes custam a partir de R$ 135 (carros convencionais). Os chamados carros boutique têm passagens a partir de R$ 240, enquanto na litorina custam R$ 270. O trem opera de sexta-feira a domingo.

Há, ainda, vagões das categorias standard (ar condicionado e poltronas estofadas), turística (assento duplo) e econômico.

Além da rota ferroviária entre Curitiba e Morretes, há outra ligando Morretes a Antonina, esta operada pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) e que busca na restauração de seus carros de passageiros deixá-los exatamente como eram no passado. A composição é tracionada por uma locomotiva fabricada em 1884.

 

Curitiba a Morretes (PR)
Duração: quatro horas e 15 minutos
Trecho percorrido: 70 km
Preços: a partir de R$ 135
Atrações: trecho de mata atlântica e cachoeiras

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Na crise, associação inova e passa a oferecer chá da tarde em trem no interior https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/06/03/na-crise-associacao-inova-e-passa-a-oferecer-cha-da-tarde-em-trem-no-interior/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/06/03/na-crise-associacao-inova-e-passa-a-oferecer-cha-da-tarde-em-trem-no-interior/#respond Thu, 03 Jun 2021 11:50:18 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/06/WhatsApp-Image-2021-06-03-at-01.55.39-320x213.jpeg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=2730 Para enfrentar a crise decorrente da pandemia da Covid-19, o principal roteiro de trem no interior de São Paulo decidiu lançar um atrativo extra para seus turistas: uma viagem no carro-restaurante com chá da tarde.

A iniciativa na rota entre Campinas e Jaguariúna surge depois de outras viagens gastronômicas que deram resultado positivo, como o oferecimento de café da manhã e do filé Arcesp –este, em ocasiões específicas– aos passageiros.

Os trens que desde a década de 80 percorrem o trajeto de 24 quilômetros entre as duas cidades do interior paulista têm enfrentado dificuldades para fechar as contas mensalmente devido às restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus.

Em uma das paralisações das atividades, foram praticamente sete meses seguidos sem operar e, mesmo nos retornos, o fluxo de turistas tem sido reduzido.

Tesoureiro nacional da ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), Mauricio Polli disse que as iniciativas tomadas têm como objetivo contribuir com a manutenção das operações, que foram muito prejudicadas desde o início da pandemia, em março do ano passado.

O chá da tarde será oferecido nas viagens aos sábados, dias 5, 12, 19 e 26 de junho, das 15h às 16h50, num roteiro que não vai até a estação de Jaguariúna.

Nessa rota, chamada de meio percurso, o trem parte da estação Anhumas, em Campinas, e segue até a estação Tanquinho, na mesma cidade, onde faz uma pausa de 30 minutos, até iniciar o retorno ao ponto de partida. O serviço é oferecido num carro fabricado na década de 1940 e que foi utilizado na Estrada de Ferro Sorocabana.

O cardápio é composto de chás variados, suco, bolo, petit four, pães e croissants, servido no carro-restaurante. O preço por adulto é de R$ 120. Crianças de 6 a 12 anos pagam R$ 90.

Além do chá da tarde, a ABPF está oferecendo em junho desconto de 50% nos bilhetes convencionais (sem direito ao serviço disponibilizado no carro-restaurante) na rota até Jaguariúna para quem doar um quilo de alimentos não perecíveis.

Crianças de 6 a 12 anos, que já teriam desconto da meia-entrada, pagarão metade do valor. O ingresso inteiro, que custava R$ 160 e já estava em promoção por R$ 120, está sendo vendido por R$ 80, com a doação do alimento. Crianças pagam R$ 40.

Em maio, primeiro mês da campanha, a arrecadação passou de uma tonelada. Os trens estão operando com capacidade reduzida a 40%, com controle de temperatura dos passageiros e com a exigência do uso de máscara e disponibilização de álcool em gel.

O acervo total da associação ferroviária em Campinas é composto por mais de 60 carros de passageiros e locomotivas, incluindo os que estão à espera de reparo.

Ah, ficou curioso sobre o que é o filé Arcesp citado no início do texto? Falarei mais sobre ele oportunamente, mas foi um prato clássico da gastronomia ferroviária composto por filé mignon, legumes refogados na manteiga, molho e arroz branco, servido principalmente a representantes comerciais. Aqui tem um pouco dessa história.

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Afinal, é caro viajar em trens no país? https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/05/16/afinal-e-caro-viajar-em-trens-no-pais/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/05/16/afinal-e-caro-viajar-em-trens-no-pais/#respond Sun, 16 May 2021 11:20:34 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2018/06/Trem-PR-28329-150x150.jpg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=2621 “Está muito caro, com esse preço que cobram viajo com minha família para outro lugar.” “Nem em viagens longas na Europa gasta-se tanto quanto nos trens aqui no Brasil.”

É rotina receber de leitores do blog reclamações e comentários como esses dois acima sobre os preços praticados nos passeios turísticos de trem no país. É mais comum ainda ver postagens do tipo esquentarem discussões em grupos ligados a ferrovias em redes sociais.

Mas é caro mesmo viajar nos trens turísticos existentes no país? Para tentar encontrar uma resposta, o blog ouviu representantes de associações de preservação ferroviária para entender os custos envolvidos nas operações, turistas –que são os pagantes– e comparou com preços praticados em roteiros na Europa.

Para você responder, leve em conta o total de passageiros envolvidos em sua viagem, o destino escolhido, promoções feitas pelas operadoras, seu envolvimento com o mundo ferroviário e até mesmo a idade dos turistas que farão o percurso.

Para viajar na maria-fumaça entre Campinas e Jaguariúna, a rota mais extensa do interior paulista, com 48 km no total, uma família com dois adultos e duas crianças de até 12 anos gastaria neste mês R$ 240, graças a uma promoção feita pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) para tentar atrair turistas em meio à pandemia.

Cada passageiro precisa levar um quilo de alimento para ser doado a entidades assistenciais para ter direito ao valor promocional. Fora da promoção, o mesmo roteiro custaria R$ 400.

Também há descontos para estudantes, pessoas com deficiências, professores e funcionários de escolas estaduais, moradores de Campinas e Jaguariúna, policiais (civis, militares e federais, além de guardas municipais) e pessoas com 60 anos ou mais.

Já no Trem Republicano, que opera entre Salto e Itu e é mantido pela iniciativa privada –a Serra Verde Express, que também oferece o roteiro entre Curitiba e Morretes, na serra do Mar paranaense–, o bilhete em maio custa R$ 77 para adultos (o trecho), R$ 39 para crianças até 12 anos e R$ 49 para pessoas com 60 anos ou mais. Ida e volta custa a partir de R$ 115. Também há desconto de 50% para moradores das duas cidades.

Na rota operada no Paraná, a viagem de quatro horas e quinze minutos entre Curitiba e Morretes, incluindo serviço de bordo, kit lanche e uma bebida, além do guia turístico, custa a partir de R$ 135 por trecho.

Um dos mais novos roteiros em operação no país, o Trem Caiçara, entre Morretes e Antonina, também no Paraná e mantido pela regional sul da ABPF, cobra neste mês R$ 40 (o trecho), R$ 50 (ida de trem e retorno rodoviário) e R$ 70 (ida e volta de trem), com isenção para crianças de até 5 anos.

“Sei que há gastos que nós, meros turistas, nem imaginamos que existam, mas não consigo entender como pode custar tão caro [para levar a família]”, disse o comerciante Pedro Martins Costa, de Hortolândia (SP), em mensagem ao blog.

Neto de ex-ferroviário, ele nutre paixão pelas ferrovias desde a infância e já visitou praticamente todos os roteiros disponíveis no país. “Já andei desde os trens da CPTM até o Vitória-Minas [rota regular, diária, operada pela Vale], que proporcionalmente são mais baratos.”

Sim, são. Só é preciso separar os tipos de rotas ferroviárias existentes ao se fazer qualquer tipo de comparação.

O Vitória-Minas, entre o embarque em Belo Horizonte e a estação Pedro Nolasco, em Cariacica (ES), custa R$ 73 na classe econômica, numa viagem de mais de 12 horas de duração. Mas é uma concessão, uma linha regular que opera todos os dias entre os dois estados. Não é uma rota turística, embora muitos a tratem como tal.

Já os trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) integram o chamado transporte de alta capacidade, são um meio de locomoção para contribuir com a mobilidade urbana da região metropolitana da capital, transportando 3 milhões de usuários por dia.

Na Europa, é possível viajar de Paris a Zurique, dependendo a época do ano, por 39 euros (o equivalente a cerca de R$ 250), ou de Roma a Paris por 84 euros (R$ 535). Ou seja, não é tão barato como se pensa, quando o valor é convertido para reais. Mas, assim como nos casos relatados acima, são viagens de rotas regulares.

O que ocorre muitas vezes é turistas fazerem viagens noturnas de trem na Europa até chegarem ao próximo país de destino, o que pode resultar em economia com uma diária de hotel, por exemplo. Mas essa é outra história.

Já os trens turísticos brasileiros, como o próprio nome diz, normalmente operam entre sextas-feiras e domingos ou apenas aos sábados e domingos, e têm custos altos. Em Campinas, a ABPF tem mais de 20 funcionários contratados para manutenção da via, oficinas e serviços administrativos.

“O problema é que os gastos nunca se resumem ao valor dos ingressos. Tem sempre um souvenir à venda, fora alimentação e transporte para chegar até lá”, diz Romualdo Silva, outro leitor do blog.

As reclamações, em geral, são para todos os roteiros. Um deles é o feito pelo Trem do Corcovado, no Rio, responsável por praticamente um terço dos 3 milhões de passageiros que viajavam anualmente antes da pandemia em rotas turísticas e culturais, segundo dados da Abottc (Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais).

Embora percorra um trecho pequeno, 4 quilômetros, feitos em 20 minutos, o bilhete em baixa temporada custa R$ 71 –em alta, R$ 88–, com descontos para crianças até 11 anos, pessoas com 60 anos ou mais e moradores do Rio. Há uma promoção vigente até 30 de junho, com ingressos a R$ 58.

“Muitas pessoas se queixam dos preços, mas não sabem o que envolve a manutenção e a restauração de uma locomotiva ou um carro de passageiros. Muitas vezes as peças não existem mais, precisam ser fabricadas, e isso leva tempo e dinheiro”, disse o diretor administrativo da ABPF Campinas, Hélio Gazetta Filho.

Esse é um ponto interessante para a discussão. A maioria dos roteiros em operação no país têm como função serem, além de turísticos, trens históricos ou culturais, reproduzindo características das regiões em que funcionam, com danças e comidas típicas e guias contando a história local.

Ou seja, pregam a preservação da memória e da ferrovia. E preservar, no caso brasileiro, é praticamente ter de refazer locomotivas antigas ou carros de passageiros que são resgatados e, por pouco, não viraram sucata. O descaso histórico do país com os bens ferroviários cobra seu preço de alguma forma. No caso, no bolso dos turistas.

“Ser caro ou não depende de como você faz a contabilidade. Se for considerar só o custo operacional, combustível, desgaste do trem e manutenção da linha, a viagem é cara. Só que a ABPF precisa ter uma margem para conseguir fazer caixa e investir na recuperação. Se não for assim, não vai ter restauração de mais nada”, disse o presidente da entidade, Bruno Crivelari Sanches. A ABPF opera a maior parte das rotas no país.

Esse excedente, digamos, foi o que permitiu, segundo ele, que a associação conseguisse pagar salários durante a paralisação causada pela pandemia e, ao mesmo tempo, investir nas restaurações de locomotivas.

E qual o custo para reformar uma maria-fumaça centenária? Pode passar de R$ 1 milhão, dependendo do tipo, tamanho e estado.

A ABPF venceu uma licitação da Prefeitura de Ribeirão Preto em 2020 para reformar uma maria-fumaça que passou 47 anos abandonada numa praça da cidade, enferrujando e sendo alvo de furtos de peças de cobre, ferro e aço.

Restaurar a locomotiva alemã Borsig, uma das três remanescentes da fabricante, no país, custará R$ 749 mil à prefeitura do interior paulista. Se ela pertencesse à ABPF e tivesse de ser restaurada para voltar aos trilhos, com o valor atual seria necessário vender 9.362 bilhetes de trem entre Campinas e Jaguariúna para pagar o restauro, com o valor revertido integralmente à reforma.

No último domingo, 120 turistas fizeram o percurso entre as duas cidades paulistas. Antes da pandemia, o passeio no interior paulista reunia em média 60 mil turistas por ano.

Sanches disse entender as queixas, mas afirmou que a maioria das famílias faz em média um passeio por ano, o que significaria que esse valor se diluiria no orçamento familiar ao longo do ano.

“Há, claro, quem goste mais e viaje mais. Mas [com o valor do bilhete] também conseguimos fazer passeios sociais, sem custos, para atender as necessidades que nos chegam”, disse Sanches.

Uma opção para baratear o preço do turismo ferroviário é o passageiro se tornar sócio da ABPF. A semestralidade custa R$ 160 e dá direito a viajar à vontade em todos os trens vinculados à associação em operação no país.

“Além da satisfação de contribuir para a causa, o objetivo é que a pessoa também venha contribuir voluntariamente com nossas ações, que seja um multiplicador da preservação”, disse Mauricio Polli, tesoureiro nacional da associação.

Tire sua conclusão, dê sua sugestão, escreva para o blog falando sobre o assunto. O tema não se esgota aqui.

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