Museu em estação de Mairinque abriga peças históricas da extinta Sorocabana
Primeira do gênero construída em concreto armado no país, a estação ferroviária de Mairinque abriga mais do que a história de sua arquitetura icônica.
Em uma sala –pequena, é verdade– guarda peças históricas da extinta Estrada de Ferro Sorocabana, que vão de um aparelho de telégrafo a voltímetros.
Também há placas metálicas utilizadas na estação e em composições ferroviárias, fotos antigas da estação, sinalizadores e tijolos com a inscrição EFS, referente à Sorocabana, entre outras peças.
Inaugurada em 1906, a estação que abriga o museu recebeu passageiros até janeiro de 1999 e substituiu uma antiga, menor, da Villa Mayrink, de 1875.
É tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), mas está em situação precária especialmente nas partes elétrica e hidráulica e a AMPF (Associação Mairinquense de Preservação Ferroviária) busca recursos para contribuir em seu restauro.
A história do museu remonta há seis anos, quando a AMPF discutiu com a prefeitura a sua implantação.
As peças estavam no local, amontoadas num cômodo, até que foram dispostas como um museu, que ainda precisa de muitas adequações, de acordo com Carlos Alberto Prado Perez, tesoureiro da AMPF.
“As peças foram selecionadas e colocadas em exposição. Tínhamos um centro histórico antes, que foi transformado oficialmente em museu por lei municipal. Agora precisamos adequá-lo fisicamente e tecnicamente”, disse. A associação participa da gestão do espaço.
O objetivo é que ele faça parte da lista do Sisem-SP (Sistema Estadual de Museus de São Paulo), órgão da Secretaria de Cultura e Economia Criativa. Se isso ocorrer, a expectativa da associação é que ele passe a receber recursos, melhore a estrutura e amplie o total de visitantes.
Fechado devido à pandemia do novo coronavírus, o museu prevê reabertura tão logo isso seja possível, segundo Perez.
A singular estação, além de ser um dos testemunhos da memória ferroviária da extinta Estrada de Ferro Sorocabana, se destaca por ter sido projetada pelo arquiteto francês Victor Dubugras (1868-1933).
As inovações arquitetônicas, como o uso de marquises atirantadas, abóbadas nervuradas e modernização de ornamentos, eram novidades e experimentações do projetista, conforme o Iphan, o que a tornou icônica.
A estimativa atual é que todo o projeto de restauro da estação custe ao menos R$ 7,5 milhões.