Após incêndio, associação mantém rota turística e lança campanha virtual

Uma vaquinha virtual é a aposta de um grupo preservacionista para conseguir fazer a reforma da estação Carlos Gomes, em Campinas, atingida por incêndio no último dia 30.

O fogo destruiu dois veículos, atingiu a plataforma da estação ferroviária e danificou uma locomotiva histórica, utilizada pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) há duas décadas.

A rota turística, que existe desde 1984 e liga a estação Anhumas, em Campinas, a Jaguariúna, não foi afetada –devido à pandemia, o trem está operando apenas até a estação Tanquinho, em Campinas, já que a cidade vizinha não permite a atividade turística.

Os danos também não oferecem riscos à segurança ferroviária, pois os trens não têm trafegado pela estação –param duas estações antes, por conta das restrições em Jaguariúna.

A vaquinha foi lançada há dois dias (aqui) e tem como meta arrecadar R$ 50 mil, valor necessário para cobrir os danos com a restauração da estação e da locomotiva.

Até a madrugada desta segunda-feira (5), a associação obteve R$ 2.320. Segundo a ABPF, a cada R$ 100 doados o contribuinte receberá um ingresso para um passeio especial no trem.

O fogo, que teve início na vegetação vizinha à estação, atingiu coqueiros no entorno e, deles, avançou rumo ao imóvel, inaugurado em 1929. Parte da cobertura da plataforma foi atingida. A locomotiva nº 9, uma maria-fumaça de 1912, ficou chamuscada e um outro tem, diesel, também foi atingido.

“No caso da nº 9, foi danificada toda a pintura, que terá que ser refeita. A locomotiva diesel não sofreu danos significativos. Na estação, os danos se limitaram à parte da cobertura da plataforma, algumas janelas e portas, não afetando a estrutura e a integridade da edificação”, diz comunicado da ABPF.

De acordo com a associação, a limpeza da vegetação no entorno do pátio ferroviário é constante, para a prevenção de acidente e também por questões estéticas.

Não havia ninguém na oficina da associação quando o fogo começou, segundo o diretor administrativo da ABPF Campinas, Helio Gazetta Filho. Os voluntários –que integram a brigada da associação–, quando acionados retornaram e iniciaram o combate às chamas. Não houve feridos.

O incêndio não é o primeiro a atingir instalações da ABPF. Em setembro de 1985, a associação, criada oito anos antes, sofreu o que é, até aqui, o maior baque nas suas mais de quatro décadas de existência, quando um incêndio criminoso destruiu dez vagões usados no transporte de turistas entre Campinas e Jaguariúna. Eles estavam estacionados na mesma estação.

A associação passa por dificuldades financeiras após retomar as atividades depois de cinco meses de paralisação devido à pandemia do novo coronavírus.

Para tentar fazer caixa, a ABPF lançou campanhas de venda antecipada de ingressos, souvenirs, está com programa de associação aberto e fez promoção com ingressos para crianças por R$ 35 em outubro.

Além disso, também venceu uma licitação em Ribeirão Preto para restaurar uma locomotiva, “irmã” justamente da maria-fumaça 9. A locomotiva foi fabricada pela alemã Borsig em 1912 e pertenceu à Estrada de Ferro Araraquara. Depois, foi comprada pela Usina Amália e chegou a ficar exposta em praça pública, até voltar aos trilhos há cerca de 20 anos.