Grupo busca recursos para resgate de cinco vagões do icônico Trem Ouro Verde
Cinco carros de passageiros que estão abandonados em cidades do interior de São Paulo devem ser levados para Sorocaba para serem preservados e, no futuro, passarem por restauro.
Os cinco integraram o icônico Trem Ouro Verde, operado pela EFS (Estrada de Ferro Sorocabana), e serão preservados pela Sorocabana – Movimento de Preservação Ferroviária, que está em fase de captação de recursos para viabilizar o projeto integralmente.
O projeto intitulado EFS Ouro Verde 80 Anos foi aprovado pelo Proac (Programa de Ação Cultural), da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do governo paulista, que autorizou a captação de até R$ 269 mil.
A proposta prevê o resgate dos cinco carros de passageiros fabricados em 1937 para sediarem uma exposição temporária alusiva à história dos trens no estado.
“O trem foi o mais famoso da Sorocabana e estamos buscando recursos para operacionalizar o projeto total. É possível fazer com um valor inferior, mas não da forma como gostaríamos. Queremos uma ação à altura que o trem teve para a indústria ferroviária mundial, já que foi feito na Alemanha, e também por ter sido o primeiro trem de aço da Sorocabana”, afirmou Eric Mantuan, presidente da associação.
Do valor total, cerca de 60% já foram captados pelo movimento de preservação, que tem prazo até dezembro para buscar os valores necessários. O patrocínio das empresas pode ser pago com débitos de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços).
Além da fabricação alemã e de ter sido pioneiro entre os carros feitos com aço, os vagões também tiveram importância econômica e cultural muito forte para o período em que foram utilizados, pois ligavam a capital a Presidente Epitácio, passando por cidades como Sorocaba, Assis e Botucatu.
A Sorocabana – Movimento de Preservação Ferroviária obteve autorização de uso pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e agora terá a missão de recolher esses vagões, que estão abandonados no interior. Entre eles, há um carro que já foi incendiado.
Mantuan afirmou que o objetivo da associação é, também, amealhar os vagões para resguardá-los de danos maiores, para que numa segunda etapa possa ser desenvolvido e colocado em prática um projeto de restauro.
“Teremos, depois, de buscar outras leis de incentivo para fazer o restauro. Sem o que estamos fazendo agora, não seria possível no futuro fazer o restauro.”
A Estrada de Ferro Sorocabana, inaugurada em 1875, celebra, desde dezembro, 75 anos da substituição do óleo diesel e da lenha pela eletricidade como propulsora de suas locomotivas. A ferrovia data de 1875.
O sistema operou por 55 anos, até que, em 1999, as locomotivas elétricas foram trocadas por diesel após o leilão feito pelo governo federal que resultou na desestatização da malha da já extinta RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.). No último dia 10 de julho, a Sorocabana completou 145 anos da sua inauguração.
Entre 1943 e 1948, a Sorocabana comprou 46 locomotivas elétricas do consórcio Electrical Export Corporation, que reunia a General Electric International e a Westinghouse Electric Company, para eletrificar a sua malha ferroviária entre as estações Júlio Prestes e Bernardino de Campos.