Após faxina, rara locomotiva destruída por 47 anos encontra ‘irmã’ em Campinas
Depois de ter deixado Ribeirão Preto após ficar os últimos 47 anos sujeita a vandalismo numa praça no centro da cidade, a locomotiva alemã Borsig passou por uma semana de faxina numa estação ferroviária para, só depois, ser levada à oficina em Campinas em que será restaurada nos próximos 12 meses.
Na estação Anhumas, em Campinas, de onde partem os trens para Jaguariúna operados pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), a maria-fumaça de número 8, uma das três remanescentes da marca alemã no país, encontrou a 9, sua “irmã” e ex-Estrada de Ferro Araraquara, que faz parte do acervo da associação.
Foi ela, inclusive, a responsável por levar a 8 para a estação Carlos Gomes, onde fica a oficina da ABPF. A transferência entre estações ocorreu no dia 25.
As duas locomotivas foram produzidas em 1912 pela indústria alemã, pertenceram à Estrada de Ferro Araraquara, foram compradas pela Usina Amália e, quando não eram mais úteis, passaram a ficar expostas em praças públicas.
A 9 já está de volta aos trilhos com a ABPF há cerca de 20 anos, mas a 8, colocada numa praça em Ribeirão onde até a década de 1960 havia a estação central da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, serviu de abrigo para moradores de rua e acumulou lixo e ratos nos últimos 47 anos, até a prefeitura anunciar investimento de R$ 749 mil em sua restauração.
“Tinha muito lixo dentro dela, mas ela foi toda limpa, preparada e lubrificada para ser levada a Carlos Gomes”, disse Helio Gazetta Filho, diretor administrativo da ABPF.
A maria-fumaça 8 foi transportada de Ribeirão para Campinas no dia 18, para ser totalmente restaurada. Desde 1973 na praça Francisco Schmidt, ela ficou exposta a furtos de peças de cobre, ferro e aço.
A locomotiva foi doada ao município de Ribeirão pelas Indústrias Matarazzo e é o primeiro bem ferroviário a ser recuperado na cidade, o que é visto pelo Instituto do Trem como um fato importante para tentar avançar nas ações locais de preservação.
A restauração está incluída num pacote de R$ 75 milhões de uma operação de crédito entre a prefeitura e o Banco do Brasil, assinado em setembro do ano passado e que inclui recuperação de prédios públicos e obras de mobilidade urbana.