Volta de trem turístico no Sul dura só um final de semana; entenda o motivo

Durou só um final de semana o retorno do Trem do Vinho aos trilhos na Serra Gaúcha. Depois de ser o primeiro trem turístico a voltar a operar no país em meio à pandemia do novo coronavírus, no último sábado (13), o trem terá de parar novamente a partir desta segunda-feira (15) devido à reclassificação das cidades em que ele opera no mapa da Covid-19 no Rio Grande do Sul.

O governo gaúcho atualizou as bandeiras de risco de transmissão do novo coronavírus e a região das cidades em que o trem opera –Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa– foi classificada como bandeira vermelha, a de maior perigo de contágio.

Com isso, somente atividades comerciais essenciais poderão abrir as portas, o que impedirá o trem turístico de circular. A medida é válida por 15 dias, a partir desta segunda. Ao término do prazo, nova avaliação será feita pelo governo sobre a evolução da pandemia.

O trem chegou a fazer duas viagens no sábado pelos 23 quilômetros entre as cidades, com a adoção de protocolos de segurança. A intenção original era retomar os passeios no dia 6, mas uma resolução do dia 2 da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) proibiu a operação de trens turísticos no país até o dia 31 de agosto devido ao avanço da Covid-19.

O setor ferroviário protocolou pedido de suspensão da medida, o que ocorreu após intervenção do Ministério do Turismo.

“Agora vamos ter de parar e esperar, já que a bandeira vermelha obriga a ter todas as atividades paradas. Seguimos todos os protocolos, como oferecer degustação no próprio vagão, para não ter aglomeração na estação, e reduzimos a capacidade máxima permitida”, disse Susana Giordani, diretora da Giordani Turismo, que opera o Trem do Vinho.

Até este domingo (14), Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa estavam classificadas sob a bandeira laranja. O funcionamento do trem estava suspenso desde 18 de março.

VETO

Após um imbroglio que durou uma semana, os trens turísticos voltaram a ter autorização para operar no país dependendo do cenário da pandemia do novo coronavírus em cada estado.

No último dia 2, a ANTT publicou resolução com a prorrogação da suspensão, mas na última semana uma nova decisão atendeu pedido feito pela Abottc (Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais) e pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) e os trens tiveram permissão para operação.

Em São Paulo, porém, o funcionamento segue suspenso, já que um decreto do governo do estado prorrogou a quarentena pelo menos até o próximo dia 28.

No Paraná, a intenção da Serra Verde Express é retomar a operação da rota entre Curitiba e Morretes, passando pela serra do mar, no próximo mês.

Segundo o Ministério do Turismo, o retorno foi possível porque o segmento de trens turísticos se comprometeu a seguir protocolos de biossegurança, como organizar horários de forma a evitar aglomeração e manter, sempre que possível, portas e janelas abertas para melhorar a circulação do ar.

Como já publicado aqui, exceto o breve retorno do trem gaúcho, as operações dos trens turísticos e culturais no país estão paralisadas desde março.

No documento enviado à ANTT, Abottc e ABPF argumentaram que, em que pese o estado de calamidade pública, boletim epidemiológico do Ministério da Saúde afirmou que a magnitude da pandemia “não é igualmente significativa em todos os municípios brasileiros no mesmo momento”.

Argumentaram ainda que as empresas adotaram medidas como férias aos empregados e a suspensão de contratos de trabalho, amparadas na MP 936, mas que agora não mais poderão adotar a modalidade, o que deverá resultar em demissões.