Estação de 1890 vira moradia para famílias na zona rural de Mogi Guaçu
Os trilhos, diferentemente do que ocorre com dezenas de outras estações, ainda estão ali. E são utilizados diariamente. Mas a estação não recebe trens de passageiros há 23 anos e, desde então, passou a servir de moradia a famílias.
A estação Mato Seco fica na zona rural de Mogi Guaçu, a dez quilômetros da rodovia SP-340, e integrava a linha-tronco da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. Por seus trilhos passam ao menos seis trens todos os dias, de acordo com moradores da vizinhança.
Inaugurada pela Mogiana em 1878, mas com prédio atual datado de 1890, ela fica a pouco menos de dez quilômetros da estação Oriçanga, e a seis de onde ficava Astrapeia, esta em Aguaí –já demolida.
A ocupação do local é uma entre as dezenas em estações do interior de São Paulo, principalmente em locais de difícil acesso ou distantes das áreas urbanas dos municípios.
A estação, quando a Folha lá esteve, tinha sido dividida internamente, era ocupada por três famílias e o estado geral em nada lembrava o prédio que até pouco mais de duas décadas atrás tinha como objetivo atender passageiros.
Além de telhado com risco de queda na antiga plataforma de embarque e com portas em péssimo estado, a estação também acumulava muito entulho e mato alto no entorno. Os trilhos, em uso, estão preservados.
O último trem de passageiros em Mato Seco data de 1997, segundo dados de Vanderlei Antonio Zago, membro da ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária). Naquele ano, outras estações da linha também deixaram de atender passageiros, como segue até hoje.
A estação é uma das vítimas do imbroglio envolvendo a Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.) e a RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.), ambas extintas.
Pertencente no passado à Companhia Mogiana, a estação passou ao controle da Fepasa em 1971, quando a estatal paulista foi criada a partir da junção de Mogiana, Companhia Paulista, Estrada de Ferro Araraquara, Sorocabana e São Paulo-Minas.
A RFFSA foi extinta há 13 anos, mas sua inventariança seguiu ativa e os bens têm donos distintos. Imóveis operacionais, que foram arrendados às concessionárias de cargas, têm como dono o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), enquanto os não operacionais foram transferidos à SPU (Secretaria de Patrimônio da União).
Mato Seco está desde então em processo de incorporação pela União.