Estações de trens do Rio sofrem furtos de álcool em gel em série durante pandemia
Imagine você encostar em algum lugar indesejado numa estação de trem e sair procurando um dispenser de álcool em gel para higienizar as mãos em meio à proliferação de casos do novo coronavírus. Ao achar o local, porém, percebe que o produto não está ali.
A cena praticamente virou rotina em meio à pandemia do coronavírus em estações ferroviárias do Rio de Janeiro, que foram alvo de furtos de dispensers de álcool em gel nas últimas semanas. Uma pessoa foi presa.
Foram registrados ao menos 11 furtos desde o dia 5 nas estações, isso num momento em que os trens do Rio sofrem queda histórica no transporte de passageiros devido às medidas de isolamento social decretadas pelo governo estadual.
Só no dia 6 foram quatro furtos, nas estações Central do Brasil, Praça da Bandeira, Manoel Belo e Imbariê –as duas últimas na extensão Vila Inhomirim.
Conforme a concessionária, outros dois dispositivos sofreram danos na Central do Brasil nos dias 5 e 6.
Ter álcool em gel nas estações é exigência da legislação estadual, mas a SuperVia, concessionária que administra o sistema ferroviário, informou que a colocação acontece de forma gradativa devido às dificuldades enfrentadas por fornecedores para a entrega do produto.
Em uma das ocorrências, na estação Deodoro, um homem foi flagrado pelas câmeras de segurança quando removeu o repositor de álcool e partiu para uma das plataformas.
Ele foi detido por policiais militares que foram acionados e por seguranças da concessionária. Levado para a 33ª DP, em Realengo, foi enquadrado no crime de furto e, em seguida, liberado.
A maioria dos furtos, conforme a SuperVia, ocorreram até o dia 7 nas estações do Rio. O último caso até aqui aconteceu dia 8. Esse é, porém, mais um dos problemas enfrentados pelo sistema ferroviário do Rio, que neste ano já teve oito interrupções na circulação de trens devido a tiroteios.
CRISE
Nesta quinta-feira (14) foram transportados 241.511 passageiros em 12 cidades da região metropolitana, o que representa redução de 64,8% em relação a uma quinta-feira normal. Desde o dia 14 de março, a queda acumulada é de 16,99 milhões de passageiros, de acordo com a SuperVia.
Devido à perda de passageiros, ela pede linhas de crédito de ao menos R$ 65 milhões por mês de impacto da pandemia para seguir operando o sistema.
Com cerca de 200 trens, dos quais 40 apresentaram problemas no fim de 2019, a SuperVia é concessionária do sistema desde 1998 e opera 270 quilômetros de malha ferroviária.