Em uma semana, trens do Rio sofrem 3 interrupções de circulação após tiroteios
Três tiroteios no prazo de uma semana interromperam a circulação de trens no Rio de Janeiro. As trocas de tiros em comunidades ocorreram entre os dias 6 e 14, em Vigário Geral, Parada de Lucas e Bonsucesso.
Os episódios ocorreram em meio à pandemia do novo coronavírus, quando os trens têm tido queda no total de passageiros transportados, mas estão longe de terem sido casos isolados na capital.
Em todo o ano passado, foram registrados 70 tiroteios nas proximidades do sistema ferroviário, interrompendo as operações dos trens, 75% mais que as 40 de 2018. Neste ano, já são 8 os casos de trocas de tiros nas proximidades de estações e da linha férrea.
Esses tiroteios entre facções rivais fizeram com que trens tivessem 69 horas de alterações na circulação no ano passado, o equivalente a quase três dias ininterruptos, de acordo com a SuperVia, concessionária do sistema.
No dia 14, grupos rivais trocaram tiros na região do ramal Saracuruna e os trens ficaram sem circular das 19h03 às 19h30.
Antes, no dia 7, a operação do mesmo ramal foi afetada por uma hora, das 15h15 às 16h15, devido a uma sequência de tiros nas proximidades das estações Parada de Lucas e Vigário Geral.
Naquele dia, até as 15h50 os trens aguardaram ordem de circulação e, nos nos 25 minutos seguintes, a circulação ficou restrita a alguns trechos. Houve danos, provocados por tiros, na rede aérea –o cabo parou de fazer a transmissão da energia.
Foi o segundo problema em menos de 24 horas, já que, no dia anterior, cabos da rede aérea perto da estação Vigário Geral foram danificados durante tiroteios entre policiais e criminosos, o que afetou a operação das 18h45 às 20h.
Presidente da SuperVia, Antonio Carlos Sanches disse que em alguns casos as caixas elétricas de operação da concessionária parecem ser o alvo de criminosos.
Os 270 quilômetros de concessão da empresa passam por 12 municípios, com 104 estações que cortam 112 comunidades. Cerca de 10 delas geram problemas com tráfico e vandalismo.
Entre os locais considerados críticos estão Jacarezinho, Manguinhos, Senador Camará, Tancredo Neves, Padre Miguel e Del Castilho, onde há constantes problemas relacionados à segurança pública envolvendo facções como CV (Comando Vermelho) e ADA (Amigos dos Amigos).
Antes dessas três ocorrências em abril, a última tinha sido registrada no dia 23 de março, no ramal Santa Cruz.
ESPERA
Quando os tiroteios começam, os trens aguardam ordem de circulação em estações seguras ou é suspensa a circulação do ramal pelo tempo necessário.
Após o tiroteio, são feitas vistorias em cabos da rede aérea para garantir que a retomada da operação seja feita em condições adequadas.
Sanches afirmou que os tiroteios durante a pandemia têm causado, além dos prejuízos operacionais, aglomerações em composições. “Muitas pessoas não esperam o próximo trem [quando a operação é retomada] e se juntam num só.”
Devido às medidas de isolamento social, os trens no Rio deixaram de transportar, entre o dia 14 de março e a esta terça-feira (21), 10,57 milhões de passageiros. A receita perdida acumulada no período ultrapassa R$ 40 milhões, conforme a concessionária.
Antes do início das medidas de isolamento, a média de passageiros transportados por dia era de cerca de 600 mil.
Nesta segunda (20), a queda no total de passageiros chegou a 404.118, o que representa 66,8% menos que uma segunda-feira normal, de acordo com a SuperVia.