Fechada há 50 anos, estação utilizada no transporte do ‘ouro verde’ vive abandono

Inaugurado em 1913, o prédio da estação ferroviária Silveira do Val, em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), em nada lembra o passado glorioso que já viveu.

Surgida para escoar a produção cafeeira –o chamado “ouro verde”– das grandes fazendas existentes em Ribeirão e cidades vizinhas, a estação tem atualmente portas e janelas danificadas e telhado sob risco de ruir.

Ela surgiu como uma estação do chamado ramal de Jataí, que foi desenvolvido entre 1910 e 1913, e atendia a CMEF (Companhia Mogiana de Estradas de Ferro).

Foi uma das quatro estações do trecho, a última antes da antiga estação Ribeirão Preto, que foi demolida no final da década de 1960 na avenida Jerônimo Gonçalves, no centro da cidade. A distância entre Silveira do Val e a antiga estação central –cuja área hoje abriga uma unidade de saúde– é de 10 quilômetros.

De sua plataforma, é possível ter uma ampla visão dos edifícios da região central e da avenida João Fiúsa, na zona sul da cidade.

Ela operou de forma ininterrupta até dezembro de 1969, quando perdeu status e passou a ser uma simples parada, como aconteceu em dezenas de outros locais atendidos pela Mogiana no declínio do sistema ferroviário.

Vista do interior da estação Silveira do Val, que pertenceu à Mogiana (Marcelo Toledo/Folhapress)

O FIM

Sem uso, ainda manteve os trilhos por mais dez anos, até que eles foram retirados, marcando o fim da história do ramal de Jataí, numa época em que seu entorno já estava tomado por lavouras de cana-de-açúcar, cultura que substituiu o café na região de Ribeirão Preto.

A abandonada e precária estação, outrora responsável por ajudar a escoar a produção que gerava a riqueza da região, tem uma situação emblemática: fica 1,1 quilômetro aos fundos da fazenda que abriga todos os anos a Agrishow, principal evento de tecnologia no campo do país –que, em 2019, movimentou R$ 2,9 bilhões em intenções de negócios em apenas cinco dias.

Além do prédio da estação, a antiga caixa d’água que abastecia o local está de pé, em meio ao mato.

Ao fundo, edifícios de Ribeirão Preto vistos a partir da estação Silveira do Val (Marcelo Toledo/Folhapress)

A Silveira do Val não tem tombamento do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo).

“Todas [as antigas estações] deveriam ter, mesmo que em ruínas, pois nelas se fez a história do interior do país”, afirmou Denis Esteves, presidente do Instituto do Trem de Ribeirão Preto. Na cidade, somente a estação Barracão tem proteção do órgão estadual.