Com a chegada de dormentes, ferrovia começa a renascer no interior de SP

A chegada de um primeiro lote de 320 dormentes para serem usados na recuperação do trecho entre as estações Cruzeiro e Rufino de Almeida, em Cruzeiro, marca o renascimento do trecho ferroviário no interior paulista.

O lote foi recebido neste mês pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), que iniciará a recuperação da linha ferroviária neste ano. O trecho entre as estações será a primeira fase do projeto.

Os dormentes, usados, foram comprados do Maranhão e foram escolhidos por serem de uma madeira de mais qualidade que o eucalipto –que tem vida útil mais curta. Em média, cada peça custou R$ 90.

De acordo com o diretor-presidente da ABPF, Bruno Crivelari Sanches, são necessários 5.000 dormentes para atender o trecho dessa primeira etapa da ferrovia, de seis quilômetros.

A associação já tem um estoque e está fechando a compra de mais 3.000 dormentes, o que deve ser suficiente para a primeira etapa. A intenção é colocar o trem em operação no segundo semestre do ano que vem.

A principal estação da etapa inicial fazia parte da Estrada de Ferro Dom Pedro 2º –após mudanças nas décadas seguintes, em 1931 foi incorporada pela RMV (Rede Mineira de Viação).

“Vamos usar também um pouco de reemprego [de dormentes usados]. Para a obra toda, precisamos de 40 mil”, disse.

O projeto contempla a recuperação de uma ferrovia com 25 quilômetros, incluindo pátios para manobra, até o túnel Grande, na divisa com Minas Gerais.

Segundo a ABPF, os recursos para a implantação do novo trecho são obtidos com a bilheteria dos trens  operados pela associação em São Lourenço e Passa Quatro (ambas em Minas Gerais) e Guararema (SP), sem recursos públicos.

O TÚNEL

O túnel divide Cruzeiro (SP) de Passa Quatro (MG) e foi um local de relevância histórica durante a Revolução Constitucionalista de 1932, que completa 87 anos em 9 de julho. A região da estação ferroviária Coronel Fulgêncio, em Passa Quatro, ainda guarda marcas dos confrontos.

A região da linha férrea, que hoje abriga uma rota turística, foi cenário de uma batalha sangrenta entre as forças paulistas e as tropas federais nas proximidades do túnel de 998 m de extensão que divide São Paulo de Minas Gerais.