Venda da SuperVia a japoneses da Mitsui depende só de aval do governo do Rio

Após ter recebido em março aval do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), a venda da SuperVia, que opera o serviço de trens urbanos na região metropolitana do Rio de Janeiro, para um consórcio liderado pela japonesa Mitsui deve ser concluída até o final de abril.

É o que apontam as expectativas do mercado ferroviário. O negócio só depende de anuência do governo do estado –mais precisamente, da assinatura do governador Wilson Witzel (PSC)–, já que o sistema operado pela SuperVia é uma concessão, mas isso não é visto como empecilho para a concretização.

Com cerca de 200 trens, a SuperVia, concessionária do sistema desde 1998, opera 270 quilômetros de malha ferroviária e emprega 4.000 pessoas, entre vagas diretas (2.500) e indiretas (1.500). Atua em 12 municípios do Rio de Janeiro e transporta em média, nos dias úteis, 600 mil passageiros.

No início do mês, o Cade recomendou a aprovação da compra pelo consórcio. A Mitsui assumirá as ações da OTP, braço de mobilidade da Odebrecht, que decidiu se desfazer do negócio há cerca de dois anos.

A Odebrecht decidiu colocar a empresa à venda para resolver sua situação financeira. O grupo chegou a negociar com o fundo Mubadala, mas a oferta dos árabes ficou abaixo do projetado pela Odebrecht.

Em maio, Bradesco e Itaú passaram a comandar o processo de venda. A proposta japonesa –a Mitsui já tinha 24% das ações da empresa– foi apresentada em novembro.

Central de Controle de Operações da SuperVia, no centro do Rio (Marcelo Toledo/Folhapress)

O valor do negócio não foi revelado, mas a estimativa é que tenha sido fechado em cerca de R$ 800 milhões.

A SuperVia é alvo de reclamações de usuários em relação à superlotação e à reduzida frequência de trens nos finais de semana. Em fevereiro, um maquinista morreu e ao menos oito passageiros ficaram feridos após uma colisão entre dois trens.

Com os novos donos, a expectativa é que investimentos sejam feitos e o sistema melhore, pois além da Mitsui o consórcio tem entre os participantes a JRW, maior operadora de trens do Japão, que deverá trazer expertise ao negócio.