Arquivo do Estado abre acervo da extinta Rede Ferroviária Federal para consulta

Após um trabalho de oito anos para organizar a documentação, o Arquivo Público do Estado abriu para consulta o acervo iconográfico da extinta RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.).

São cerca de 26 mil ampliações fotográficas que integram a história paulista da antiga rede ferroviária. As imagens, que estavam em Jundiaí e num imóvel na rua Mauá, na capital, chegaram totalmente desorganizadas ao Arquivo, razão pela qual foi necessária quase uma década para serem liberadas.

Após a extinção da RFFSA, regulamentada em 2007, o acervo, que já estava totalmente espalhado, ficou praticamente abandonado até 2011. Até hoje há vagões e imóveis que pertenceram à rede sem destinação adequada, por exemplo.

Naquele ano, após ação que envolveu o MPF (Ministério Público Federal) e a inventariança da extinta RFFSA, foi assinado um termo de compromisso com o Arquivo para salvaguardar o acervo iconográfico. O acordo permite a guarda temporária por cem anos.

Agora catalogado, o acervo ajuda a contar a história da Rede Ferroviária em território paulista.

Entre o material identificado e aberto a consulta estão não só fotos da rede, mas também álbuns de companhias ferroviárias como Sorocabana, Paulista e Mogiana do final do século 19 e início do século passado –anteriores à existência da RFFSA, que só surgiria em 1957.

Estação ferroviária de Santo André, em 1951 (Arquivo Público do Estado)

Há, também, material da SPR (São Paulo Railway), que é de 1867 e foi a primeira empresa ferroviária do estado. O subgrupo São Paulo Railway, aliás, é o maior do Arquivo, contendo 14.716 imagens de estações, obras e maquinário, entre outras.

O material pré-RFFSA, conforme Bruno Torres, executivo público que trabalhou na pesquisa e descrição do acervo, corresponde a cerca de 20% do total, enquanto o restante já é do período de existência da rede federal.

De acordo com ele, o material proveniente de Jundiaí apresentava alguma organização temática, mas precária, diferentemente do que estava guardado em São Paulo, desorganizado.

“A partir disso [do acordo com o MPF] começamos o trabalho de tentar identificar parte do acervo, que estava acumulado, sem organização. Inicialmente trocamos as caixas de proteção e fizemos intervenção de higienização no que estava mais grave, que precisava de ação mais urgente”, afirmou.

Da bagunça em que estava, agora o acervo está separado por órgão produtor e de acordo com o tema desejado –só locomotivas ou só determinada companhia ferroviária, por exemplo. Para isso, foi necessário resgatar todo o histórico da rede ferroviária, pesquisar anuários e entender como era o organograma da empresa.

Há ainda um terceiro bloco, pequeno, integrado por documentos de empresas ferroviárias espalhadas pelo país, estrangeiras e de companhias em que não foi possível fazer a identificação.

Antiga estação da Barra Funda em 1964 (Arquivo Público do Estado)

MALHA PAULISTA

Embora seja uma rede federal, a RFFSA tem muita importância para a preservação da memória ferroviária paulista por ter absorvido, em 1998, todo o patrimônio da Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.). Esta, por sua vez, surgiu em 1971 a partir de cinco companhias ferroviárias: Paulista, Mogiana, Sorocabana, Araraquara e São Paulo-Minas.

A documentação deveria ficar sob gestão do Arquivo Nacional, mas este concordou com a transferência do acervo para o órgão estadual.

Estação da Luz em 1890, ainda sem a torre do relógio (Arquivo Público do Estado)

Além das 26 mil fotografias, há também cerca de 86 mil negativos no acervo da RFFSA, que podem ser acessados por meio de agendamento com um dia de antecedência. O prazo é necessário para transferir o acervo da sala em que fica guardado, mais fria, para a sala de consulta.

O acervo pode ser consultado com agendamento pelo e-mail iconografico@arquivoestado.sp.gov.br.