Vagão sobrevive a incêndio em Minas Gerais e será restaurado em Campinas

Depois de sobreviver a um incêndio e ter vivido os últimos anos abandonado, um vagão ferroviário da extinta RFFSA (Rede Ferroviária Federal) viajou 200 quilômetros e será restaurado no interior de São Paulo.

Utilizado num trem turístico que operou em Pouso Alegre (MG), o vagão foi deixado de lado quando o serviço foi extinto, assim como outros três e uma locomotiva.

Sem vigilância em tempo integral, os vagões foram saqueados e sofreram danos estruturais. Mas foi um incêndio o responsável por destruir o acervo de vez. Dos quatro vagões, apenas um sobrou em condições de ser recuperado.

Ironicamente, é o carro de passageiros mais novo que já foi levado para o pátio da ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) em Campinas, mas é o que chega em pior estado de conservação.

Fabricado em 1970 pela própria RFFSA nas oficinas de Lavras (MG), o vagão de segunda classe trafegou em trecho da extinta Viação Férrea do Centro-Oeste.

Interior do vagão antes de ser limpo nas oficinas da ABPF (Divulgação)

“Está em péssimo estado, ficou 20 anos jogado ao tempo. Ele era nosso, saiu em perfeitas condições, com janelas, energia, bateria, fiação, tudo, foi perfeito, mas agora precisará de muito trabalho de restauração”, afirmou Helio Gazetta Filho, diretor administrativo da ABPF.

O veículo estava em Campinas e foi cedido à cidade mineira após pedido do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).

Quando o projeto do trem foi encerrado, os vagões e a locomotiva ficaram inicialmente sob os cuidados de vigilantes, mas depois, sozinhos, passaram a ser alvo da vandalismo. Janelas de alumínio foram arrancadas, assim como os bancos.

Em Campinas, o vagão precisará de seis meses de trabalho dos funcionários e voluntários da ABPF para ser deixado em condições de uso. O custo é estimado entre R$ 300 mil e R$ 400 mil, devido à necessidade de fazer todo o mobiliário.

Além dele –que deve ser restaurado em 2019–, há outros 8 carros de passageiros e 4 locomotivas aguardando reformas.

 

Já estacionado no pátio da estação Anhumas, em Campinas (Divulgação)

PIONEIRO

Apesar do custo, recuperar o vagão é importante para a ABPF por ser o primeiro de fabricação da própria RFFSA a fazer parte do acervo da associação.

A entidade possui máquinas de algumas das mais importantes companhias ferroviárias que atuaram no país, como São Paulo Railway, Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, Estrada de Ferro Sorocabana, Estrada de Ferro Araraquara, Companhia Paulista de Estradas de Ferro, Noroeste do Brasil, Viação Férrea Rio Grande do Sul, São Paulo-Paraná, Rede Mineira de Viação e Estrada de Ferro Vitória-Minas.

“Vamos deixa-lo nas cores azul e branco, como quando foi fabricado pela Rede Ferroviária Federal”, disse Gazetta Filho.

Apesar de os outros três vagões terem sido incendiados em Pouso Alegre, peças como eixos se salvaram e também foram levadas para Campinas.