Em quatro meses, 13 pessoas morrem ao serem atropeladas por trens no país

Ao tentar atravessar a linha férrea no último sábado (17), uma mulher de 45 anos foi atropelada e morreu em São Simão, no interior paulista. No depoimento que prestou à polícia, o maquinista disse que não viu a mulher na ferrovia.

O cenário é mais comum do que se imagina e, só nos últimos quatro meses, o país já registrou ao menos 14 atropelamentos em vias férreas, dos quais 13 resultaram em mortes.

Em novembro, foram quatro mortes. Além da morte na cidade do interior, uma mulher foi atropelada no dia 6 por um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) em Juazeiro do Norte (CE), um policial morreu em São Caetano do Sul após ser atingido por um trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), dia 8, e, no dia seguinte, em Camaçari (BA), um menino de oito anos morreu depois de tentar pular de um vagão, se desequilibrar e ser atropelado.

Em outubro, foram registrados acidentes com mortes em Resende (RJ), Curitiba e Rio Negro (PR), Licínio de Almeida (BA) e Betim (MG) –na cidade mineira foram dois casos.

Já em setembro, houve registros em Morretes (PR) e São Carlos (SP) e, em agosto, em Juiz de Fora (MG) e Barra Mansa (RJ) –o único registro em que a vítima não morreu.

As situações que levaram aos acidentes com mortes são variadas, mas, nos casos recentes, sempre contaram com a presença das vítimas nos trilhos.

As concessionárias que administram ferrovias afirmam que a presença de pedestres é proibida nos trilhos e nas áreas próximas e que os trens têm um tempo de reação até a parada total muito maior que um automóvel, por exemplo.

Devido ao peso das composições, mesmo após os freios serem acionados um trem carregado pode percorrer cerca de um quilômetro na linha férrea antes da parada.

Com isso, ainda que o maquinista veja o pedestre –o que nem sempre acontece–, pode não haver tempo útil para evitar o atropelamento.

Para tentar evitar acidentes, os trens também apitam quando o maquinista percebe pedestres próximos aos trilhos –houve casos em que a pessoa atropelada usava fones de ouvido.

Outro problema detectado pelas empresas é quando o pedestre tenta pegar “carona” nos trens, mas acaba caindo e sendo atingida. Foi o que que ocorreu em Camaçari.

‘TÚNEL’

Por causa de acidentes do tipo, concessionárias têm adotado medidas de segurança, como campanhas de conscientização e a criação de “túneis” para pedestres.

Ao menos quatro cidades paulistas receberão obras do tipo. A primeira delas foi Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), com quatro unidades instaladas.

As passagens estão em três bairros da zona norte e foram feitas por meio de parceria entre a VLI, controladora da FCA (Ferrovia Centro-Atlântica), e a prefeitura local.

Outras três cidades do chamado corredor centro-sudeste terão projetos semelhantes nos próximos meses –Mogi Mirim, Mogi Guaçu e Jaguariúna, todas na região de Campinas.

Os projetos receberam validação da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres).