Herói morto para salvar passageiros de desastre com trens é homenageado
Madrugada de 23 de dezembro de 1964. Enquanto algumas famílias sonhavam com os preparativos para a ceia de Natal, no dia seguinte, outras faziam as malas para viajar na data.
Os planos de algumas delas foram frustrados com o maior acidente ferroviário em trecho urbano já registrado em Sorocaba.
Um trem de carga que tinha deixado Botucatu bateu na traseira de outro trem que estava parado na estação sorocabana. Com o impacto, parte da estação foi danificada e o que se via após o acidente era ferro retorcido para todos os lados.
Duas pessoas morreram e outras, feridas, ficaram semanas internadas. A tragédia, porém, poderia ter sido ainda maior não fosse a atuação de Romeu de Mello, o Passarinho, então chefe da estação.
Ao perceber que haveria o acidente, ele começou a gritar com os passageiros que estavam na plataforma de embarque da estação para que deixassem o local imediatamente. Ele foi um dos mortos, ao lado de um idoso.
O ferroviário agora batiza um espaço ferroviário criado na Prefeitura de Sorocaba e inaugurado nesta segunda-feira (3).
O local abriga um banco de estação e um triciclo de manutenção, além de fotos históricas do período de atuação da Estrada de Ferro Sorocabana, uma das companhias ferroviárias paulistas que em 1971 originaram a Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.).
Embora o município tenha registrado em sua história outros acidentes –inclusive um na zona rural com dez mortos–, o episódio de 1964 é emblemático por ter ocorrido em período natalino, na estação central da cidade e pelos estragos que provocou no local e à cidade. Animais que estavam em vagões, como bois, fugiram e passaram a ocupar as ruas da cidade.
Sorocaba recebeu trens entre 1875, três anos após a fundação da Sorocabana, e 2001.
RESTAURO
Além de homenagear um ferroviário tratado como herói, Sorocaba tem dado outros passos no sentido de resgatar o ciclo das ferrovias.
A Associação Movimento de Preservação Ferroviária do Trecho Sorocabana restaurou um vagão de passageiros que estava praticamente destruído. Em apenas cinco meses, voluntários reformaram o carro, que será colocado nos trilhos para atender uma linha turística que será criada.
O vagão C-509 foi construído em 1951 nos EUA e, na Sorocabana, operava um trem de luxo entre São Paulo e Presidente Epitácio.