Agronegócio impulsiona aquisição da FCA de 26 novas locomotivas até 2019

A crescente demanda do agronegócio fez a FCA (Ferrovia Centro-Atlântica) adquirir 26 novas locomotivas que serão colocadas em operação até abril do ano que vem e a construir por meio de uma parceria novos terminais para armazenamento de açúcar em duas cidades paulistas.

As novas máquinas foram adquiridas por meio de leasing –contrato de aluguel com opção de compra– e também transportarão produtos siderúrgicos.

Em todo o ano passado, apenas 81 locomotivas foram produzidas no país, o menor volume dos últimos quatro anos, de acordo com a Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária).

E, para este ano, a previsão é ainda inferior: 60 unidades. Já o total de vagões feitos em 2017 foi de 2.878, patamar que deve ser mantido neste ano.

Do total de novas locomotivas da VLI, 15 são do modelo SD70 BB da EMD, utilizados na própria FCA e na Ferrovia Norte-Sul, que vão percorrer também o corredor centro-leste, conectando, por exemplo, cargas do agronegócio ao complexo de Tubatão, em Vitória (ES).

De acordo com a concessionária, no ano passado foram movimentadas 18 milhões de toneladas de carga neste corredor. As locomotivas serão entregues até abril do próximo ano.

Cada uma pesa 196 toneladas e tem 24 m de comprimento. Com três delas, é possível tracionar até 90 vagões carregados.

As outras 11 locomotivas são do modelo ES43 BBi, foram produzidas pela unidade da GE em Contagem (MG) e estarão em operação até outubro.

Serão utilizadas no transporte de carga no chamado corredor centro-sudeste, no interior paulista. Com duas delas, uma composição pode ter até 82 vagões carregados. Como comparação, isso equivale à carga de 240 caminhões.

As aquisições visam atender demanda entre o terminal existente em Guará e o porto de Santos.

Em junho, a VLI assinou acordo com o Tereos, segundo maior grupo produtor de açúcar no planeta, para transportar 1 milhão de toneladas do produto por ano.

O acordo entre Tereos –que tem sete usinas de açúcar e etanol em São Paulo– e VLI deverá resultar em mais de R$ 200 milhões em investimentos de infraestrutura logística para a exportação de açúcar.

Do total, R$ 145 milhões devem ser investidos pelo Tereos. O restante caberá à VLI.

Segundo a VLI, entre 2013 e o ano passado o volume de açúcar transportado na rota entre Guará e o Tiplam (terminal da empresa em Santos) dobrou –de 2,3 milhões de toneladas para 4,6 milhões de toneladas.

Os dois armazéns serão feitos em Guará e Santos. O primeiro terá condições de abrigar 80 mil toneladas de açúcar. Em Santos, serão outras 114 mil toneladas.

MERCADO EM CRISE

Com o cenário de queda contínua na produção de locomotivas e vagões, as indústrias têm pedido a renovação antecipada das concessões para injetar fôlego no setor com a promessa de ao menos R$ 25 bilhões de investimentos nos próximos anos.

As ferrovias brasileiras transportam apenas 20,7% do total de cargas do país, segundo dados da CNT (Confederação Nacional do Transporte).

Seis em cada dez quilos de cargas são transportados por rodovias no Brasil –o restante viaja pelos sistemas aquaviário, aéreo e dutoviário.