Desativada há 52 anos, estação está em ruínas em meio a lavoura de cana

Por meio de um anúncio publicado em jornais pela Companhia Mogiana de Estradas de Ferro em 31 de agosto de 1966, foi decretado o fim do ramal ferroviário que atendia a estação Corredeira, em Cajuru (a 298 km de São Paulo).

Hoje “escondida” em meio a lavouras de cana-de-açúcar, a estação fica nas proximidades do rio Pardo, entre os municípios de Cajuru e Santa Rosa de Viterbo e, quase 52 anos depois de deixar de receber trens de passageiros e de cargas, está em ruínas e praticamente nada existe do prédio inaugurado em 1912.

Os trilhos não passam mais pelo local, que também está sem telhados, portas e vidros e é consumido diariamente pela vegetação.

Apesar disso, o nome da estação permanece quase intacto, como se fosse um sinal de “resistência” ao fim de seus dias.

Sob a alegação de que o ramal era deficitário, a Mogiana suprimiu as operações do chamado ramal de Cajuru, entre as estações Amália e Cajuru, a partir de 16 de setembro daquele ano, 54 anos após sua abertura.

Além dele, deixaram de operar na mesma data os ramais de Amparo (Amparo a Monte Alegre do Sul) e Socorro (Monte Alegre do Sul a Socorro). O comunicado foi assinado pelo general Claudio de Assumpção Cardoso, então presidente da companhia ferroviária.

No sentido Santa Rosa-Cajuru, a Corredeira era a quarta das seis estações e ficava no trecho mais baixo do ramal ferroviário. Em Santa Rosa, a estação estava 777 m acima do nível do mar, enquanto a altitude na Corredeira era de 598 m. Na chegada, em Cajuru, a estação homônima atingia 766 m.

Estação Corredeira, sem telhado, é tomada por vegetação (Joel Silva/Folhapress)

A primeira das estações a ser aberta no ramal foi a Nhumirim, em Santa Rosa, em julho de 1910. A última, Cajuru, operou a partir de dezembro de 1912.

A abertura da Corredeira ao tráfego foi permitida por meio do decreto 2.289, de 26 de setembro de 1912, assinado por Rodrigues Alves, então governador (à época, chamado de presidente do estado) e ex-presidente da República.

O ramal todo tinha 49,184 quilômetros de extensão, com as seis estações, média de uma a cada 12,29 quilômetros, excetuando-se os pontos de início e término.

Esse total de estações em distâncias curtas mostra o quanto a Mogiana tinha traçado de forma a atender principalmente as fazendas produtoras de café.