Projeto prevê trem turístico entre Belo Horizonte e Inhotim
Um projeto em gestação em Belo Horizonte prevê levar passageiros da capital mineira até o Instituto Inhotim, em Brumadinho, na região metropolitana, num trem turístico.
Com proposta de transportar até 391 mil passageiros por ano, o trem prevê fazer o trajeto de 55 quilômetros em uma hora e meia. Inhotim é o segundo atrativo mais visitado em Minas.
Sérgio Motta Mello, presidente da Oscip Apito, uma das envolvidas no projeto, disse que a intenção é utilizar a via férrea por vagões de passageiros de “altíssimo luxo”. “Serão usados vagões que pertenceram ao Vera Cruz, trem de luxo pioneiro que rodou em Minas Gerais e era utilizado na rota entre a capital e o Rio de Janeiro”, disse Mello.
O Vera Cruz passou a percorrer os trilhos em março de 1950 com uma locomotiva a diesel. Operou exatos 40 anos e deixou os trilhos em março de 1990 –no período, ficou parado entre 1976 e 1980.
Inhotim já demonstrou interesse, assim como o Instituto Cultural Flávio Gutierrez. O projeto é trabalhado desde 2009 e a previsão é que sua implantação total custe até R$ 15 milhões. A Apito projeta investir 50% e obter o restante por meio de investidores. Também participam do projeto o Instituto Cidades e a ONG Trem.
Falta, porém, a expedição de uma carta de anuência da MRS Logística, concessionária que administra o trecho ferroviário e vital para que o projeto avance.
O Inhotim tem acervo avaliado em US$ 1,5 bilhão. Em dez anos de existência, quase 2,7 milhões de pessoas visitaram o espaço, composto por 23 galerias, 1.300 obras de arte e jardins com 4.500 espécies.
No último dia 2, o diretor-executivo do Inhotim, Antonio Grassi, assinou carta de manifestação de interesse em que apoia a implantação de um serviço de transporte ferroviário entre a estação central de Belo Horizonte e as imediações do museu.
“Atualmente, o Inhotim conta com dois principais acessos por rodovia com um grande fluxo de veículos e caminhões registrados em ambos. Além de constituir um percurso muito longo, as estradas representam um risco constante uma vez que contam com alta circulação de caminhões de minério e, pelas próprias circunstâncias, na maioria das vezes encontram-se mal conservadas e sinalizadas”, diz trecho do documento, ao qual o blog teve acesso.
ENTRAVES
Mas, para que o projeto seja concretizado, é preciso ter mais vagões, conseguir duas locomotivas e algumas obras de infraestrutura, como uma estação em Inhotim, além de verbas.
O projeto conta com 11 vagões fabricados nos anos 50, cedidos pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e quer chegar a 20, para ter duas composições com 10 vagões cada.
A MRS informou, por meio de sua assessoria, perceber uma precipitação das entidades envolvidas no projeto.
A empresa informou ter recebido nesta segunda-feira (7) o ofício e vai responder após a avaliação de todos os aspectos relacionados ao caso, “principalmente os que envolvem a segurança ferroviária”.
“Importante frisar que a tendência mundial é de segregação entre trens de carga e de passageiros e não o contrário”, diz trecho de nota da empresa.