Desde a última segunda-feira (16), uma locomotiva histórica recém-restaurada está percorrendo cidades de São Paulo num projeto de parceria entre uma entidade de preservação e uma concessionária ferroviária.

A locomotiva 9380, comprada em setembro num leilão pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), foi decorada com centenas de luzes natalinas e, junto com a locomotiva 7202, deixou São José do Rio Preto na última segunda e deve terminar sua rota de Natal sábado (21), em Jundiaí. O percurso total será de 450 quilômetros.

Nesta quarta-feira (18), sairá de Matão às 18h30 e passará por Silvânia e Bueno de Andrada, até chegar a Araraquara.

Já nesta quinta (19), às 18h15, seguirá de Araraquara para Ibaté, São Carlos, Itirapina e Rio Claro. No dia seguinte, no mesmo horário, partirá rumo a Campinas, passando por Santa Gertrudes, Cordeirópolis, Limeira, Americana, Nova Odessa, Sumaré e Hortolândia.

Em seu último dia, sábado (21), sairá de Campinas às 18h30 e passará por Valinhos, Vinhedo e Louveira, até chegar a Jundiaí. Em todos os dias, o trem não fará paradas em nenhuma das cidades, mas há outras opções para quem quiser viajar com o Papai Noel e até fazer fotos com ele.

NOVA DE NOVO

O trem, diesel-elétrico, é novo, se comparado a outros exemplares normalmente utilizados em rotas turísticas no país. Mas, fabricado em 1978, tem como diferencial ser uma das únicas três unidades do tipo existentes.

Produzidas para a Hamersley Iron Railroad, da Austrália, as máquinas foram usadas naquele país até 1997 e, depois, levadas para os EUA, até que em 2006 tomaram caminhos distintos. Uma foi vendida para a Minnesota Commercial Railroad e as outras duas foram compradas pela brasileira Fiagril e usadas no trecho concedido à Brasil Ferrovias –depois ALL (América Latina Logística), hoje Rumo. Após ser devolvida ao antigo dono, foi leiloada em setembro.

A Rumo, parceira da entidade de preservação no trem natalino, informou que a locomotiva recebeu pintura “heritage” (herança), com recuperação de detalhes das antigas concessionárias que atuaram no trecho. No caso, a Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.), fundada em 1971.

A recuperação da locomotiva durou dois meses e foi feita na oficina da concessionária em Araraquara (a 273 km de São Paulo) –recebeu pintura, reforma na funilaria e revisão em componentes elétricos e mecânicos.

DIURNOS

A temática natalina também foi adotada na Estrada de Ferro Campos do Jordão, que terá passeio especial no próximo domingo (22) e no dia 25.

O Trem do Papai Noel realizará duas viagens em Campos do Jordão e Pindamonhangaba, com decoração natalina, distribuição de balas para as crianças e a presença do Papai Noel durante o trajeto.

De acordo com a Secretaria de Transportes Metropolitanos, em Campos do Jordão o trem que comporta 64 passageiros partirá às 15h e às 16h da estação Emílio Ribas e seguirá até a estação Abernéssia. Dela, retornará sem fazer paradas, num percurso de ida e volta que tem duração total de meia hora. O bilhete custa R$ 12.

Já em Pindamonhangaba, as partidas acontecerão às 10h e às 14h, com destino à estação Piracuama, num trajeto de duas horas. Nessa rota, o bilhete é vendido por R$ 13. A capacidade é de 56 passageiros.

Além do próximo domingo a Estrada de Ferro Campos do Jordão terá um trem especial no dia do Natal, nas mesmas rotas e horários, mas sem a presença do Papai Noel.

PRESENTE

O Papai Noel também percorrerá os trilhos entre as cidades históricas de Mariana e Ouro Preto, em Minas Gerais.

Até a próxima segunda-feira (23), ele estará nos passeios noturnos do Trem da Vale, que recebeu iluminação especial para o Natal, assim como as estações das duas cidades.

No trajeto, o Papai Noel percorrerá o trem para interagir com os passageiros e todos os viajantes receberão uma foto impressa com ele. A rota entre as duas cidades tem duração, em cada trecho, de uma hora.

Em Ouro Preto, as partidas noturnas até segunda acontecerão às 20h30 (4ª, dom. e 2ª) e 19h (5ª, 6ª e sáb.). De Mariana, os horários são 18h (4ª, dom. e 2ª) e 21h30 (5ª, 6ª e sáb.). Ida e volta custa R$ 66 e apenas um trajeto, R$ 46. Moradores das duas cidades (com comprovantes de residência) pagam R$ 15 e R$ 10, respectivamente.

A rota voltou a ser oferecida em junho, após um hiato de três meses devido a manutenções. A história do percurso ferroviário entre as duas cidades remonta ao período imperial. As obras começaram em 1883 em Ouro Preto e a conclusão em Mariana ocorreu 31 anos depois, em 1914.

A demora se deveu, entre outros pontos, às dificuldades estruturais para a conclusão do percurso –a paisagem é composta por montanhas, quedas d’água, seis pontes e quatro túneis, percorrida em cerca de uma hora de passeio.

A imagem acima é de uma locomotiva que pertenceu à estatal e transportava passageiros no interior do estado. Foi feita em Louveira, antes de partir para Vinhedo, na década de 1990, período em que a Fepasa já definhava.

A empresa foi incorporada pela RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.) em 1998 e, em seguida, concedida à iniciativa privada.

A locomotiva 6378 ainda resistiu mais um ano, mas em 1999, quando trechos da extinta Fepasa já se chamavam Ferroban (1998-2002), ela e outras de sua série foram desativadas.

As V8 eram locomotivas elétricas fabricadas pela General Electric entre 1940 e 1948. As sobreviventes, de uma série que não chegou a 40 unidades produzidas, sofreram com vandalismo e falta de manutenção. Membros de associações de preservação afirmam existir cinco unidades espalhadas pelo estado.

O blog já publicou outras imagens do passado ferroviário do país, como a maria-fumaça 232 MRV, que pertenceu à extinta RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.). Veja outras imagens aqui.

A rede ferroviária foi uma sociedade de economia mista controlada pelo governo federal, vinculada ao Ministério dos Transportes, e que existiu entre 1957 e 1998, quando seus ativos foram concedidos à iniciativa privada –para empresas como Ferroban (1998-2002) e América Latina Logística, a ALL (1999-2015). Apesar disso, a RFFSA só foi extinta por meio de uma medida provisória de 2007.

A imagem foi feita em Cruzeiro (SP), antes de a locomotiva ser resgatada para passar por restauração nas oficinas da ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária).

Atualmente ela está em operação em Apiúna (SC), em trecho da extinta EFSC (Estrada de Ferro Santa Catarina) –que surgiu em 1909 e foi desativada em 1971. A EFSC foi uma das 18 companhias ferroviárias que foram incorporadas à RFFSA quando de seu surgimento.

O blog já publicou outras imagens do passado ferroviário do país, como a antiga estação Barra Funda, na capital. Veja outras imagens aqui.

A imagem integra acervo iconográfico da extinta RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.), composto por cerca de 26 mil ampliações fotográficas que integram a história paulista da antiga rede ferroviária.

As imagens estavam em Jundiaí e num imóvel na capital, até serem destinados ao Arquivo que os organizou após quase uma década de trabalho.

O blog já publicou outras imagens do passado ferroviário do país, como a estação Batataes da Canna Verde e a locomotiva 353, da extinta Estrada de Ferro Central do Brasil.

A imagem integra o acervo da ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) e remete ao período em que a Central do Brasil integrava a RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.), o que teve início em 1957.

Lorena integrava o ramal de Piquete da EFCB e tinha quatro estações em seu perímetro: além da homônima à cidade, chegou a ter Ponte Paraíba (era apenas uma parada), Angelina e Coronel Barreiros –as duas últimas foram demolidas.

O blog já publicou outras imagens do passado ferroviário do país, como a estação Batataes da Canna Verde, que não existe mais –outra foi erguida em seu lugar.

O blog estreia nesta sexta-feira (19) uma seção destinada a publicar imagens do passado ferroviário no país. Locais que foram importantes em determinado momento e depois desapareceram, prédios que deixaram de existir para dar lugar à “modernidade” e imagens curiosas da história das ferrovias no país terão prioridade na seção.

É o caso da estação de Batatais, na região metropolitana de Ribeirão Preto. Inaugurada em 1886 pela Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, a estação manteve as características originais até o fim da década de 30, quando surgiu um novo prédio, mais moderno, para abrigar a estação, que está de pé.

Do antigo, nada restou. Era uma das maiores estações da Linha do Rio Grande, que ligava a região de Ribeirão Preto a Minas Gerais.

A cidade não recebe mais trens desde o início dos anos 80. Os trilhos foram retirados em 1988.

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