Sobre Trilhos https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br Viaje ao passado, conheça o presente e imagine o futuro das ferrovias Mon, 06 Dec 2021 06:15:10 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Por R$ 2,3 mi, estação ferroviária sem uso há 15 anos em Olímpia (SP) volta a abrir as portas https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/11/23/por-r-23-mi-estacao-ferroviaria-sem-uso-ha-15-anos-em-olimpia-sp-volta-a-abrir-as-portas/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/11/23/por-r-23-mi-estacao-ferroviaria-sem-uso-ha-15-anos-em-olimpia-sp-volta-a-abrir-as-portas/#respond Tue, 23 Nov 2021 10:10:22 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/11/Estação-Cultural-de-Olimpia-5-320x213.jpg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=3133 Ela não recebe passageiros desde 1968 e, há 15 anos, estava sem utilização, mas a partir desta semana a estação ferroviária de Olímpia (a 438 km de São Paulo) voltará a ser usada, agora como centro cultural.

Depois de obras que custaram R$ 2,37 milhões, segundo a InvestSP (agência paulista de promoção de investimentos), sendo R$ 2,09 milhões do estado, foram reformados dois blocos da antiga estação, além do calçamento externo e da inclusão de obras de acessibilidade.

A reinauguração da estação, aberta em 1914 e que no passado fazia parte do trecho operado pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, está marcada para sexta-feira (26), data em que o local passará a se chamar ECO (Estação Cultural de Olímpia).

Como o progresso dizimou os trilhos que no passado foram utilizados no escoamento da produção cafeeira da região, especialmente entre as décadas de 1920 e 1960, a restauração da estação também contou com a reconstituição de um trecho ferroviário, para abrigar uma antiga maria-fumaça.

A locomotiva que antes ficava no Museu de História e Folclore e que atendeu a cidade no período do transporte do “ouro verde”, como o café era chamado, também foi restaurada e está no local desde o dia 11 de setembro.

A prefeitura quer, agora, colocar dois vagões antigos acoplados à locomotiva, sendo um de passageiros e outro de cargas. O primeiro deles deve abrigar uma cafeteria, enquanto o de cargas será utilizado para exposições fotográficas e exibições de filmes antigos ligados ao universo ferroviário.

Apesar de ser inaugurada nesta semana, a visitação do público estará liberada a partir de dezembro, com duas exposições, que reunirão desenhos e pinturas.

Por meio de sua assessoria, o secretário estadual de Turismo, Vinicius Lummertz, disse que a obra é “particularmente importante por ter sido uma iniciativa do conselho municipal de turismo, com a qual o estado se alinhou”.

Olímpia, que com seus parques aquáticos (Thermas dos Laranjais e Hot Beach) recebe mais de 2,5 milhões de visitantes por ano, projeta desenvolver um roteiro cultural no entorno da estação ferroviária, aproveitando outros imóveis.

É a segunda estação ferroviária recuperada e entregue no intervalo de dois meses no interior de São Paulo. A primeira foi em 24 de setembro, em Presidente Epitácio, que tinha sido parcialmente destruída num incêndio em agosto de 2019.

Inaugurada em 1º de maio de 1922, a estação de 99 anos começou a ser recuperada em julho do ano passado.

Ela, no extremo oeste paulista, na divisa com Mato Grosso do Sul, era a ponta final da Estrada de Ferro Sorocabana, numa rota iniciada na estação Júlio Prestes, na capital.

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Estação destruída por incêndio há 2 anos é reinaugurada em Presidente Epitácio https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/09/24/estacao-destruida-por-incendio-e-reinaugurada-em-presidente-epitacio/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2021/09/24/estacao-destruida-por-incendio-e-reinaugurada-em-presidente-epitacio/#respond Fri, 24 Sep 2021 18:30:02 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/3-320x213.jpeg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=2961 Pouco mais de dois anos depois de ter sido atingida por um grande incêndio, a quase centenária estação ferroviária de Presidente Epitácio foi reinaugurada nesta sexta-feira (24).

Última estação do trecho operado pela extinta Estrada de Ferro Sorocabana, Presidente Epitácio foi importante para o desenvolvimento econômico da região nas primeiras décadas do século passado, mas nos últimos anos amargava um abandono total, até que em 26 de agosto de 2019 foi parcialmente destruída num incêndio.

Sobraram apenas as paredes, num imóvel que já era utilizado para abrigar moradores de rua e usuários de drogas.

Inaugurada em 1º de maio de 1922, a estação de 99 anos começou a ser recuperada em julho do ano passado. Ela, no extremo oeste paulista, na divisa com Mato Grosso do Sul, era a ponta final de uma rota iniciada na estação Júlio Prestes, na capital.

Os recursos para a restauração, R$ 459 mil, além de uma contrapartida municipal, são originários do Dadetur (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento do Turismo), órgão da Secretaria do Turismo que atende cidades paulistas estâncias turísticas, caso de Presidente Epitácio.

Curioso na história é que a reinauguração, nesta sexta, ocorreu a distância, já que o descerramento da placa foi marcado para Presidente Prudente, onde o vice-governador, Rodrigo Garcia (PSDB), cumpriu agenda.

Ele, que deverá disputar o cargo de governador do estado em 2022, foi levado do DEM para o PSDB por João Doria e adotou figurino de candidato, com uma série de viagens pelo interior.

O prédio revitalizado abriga a Secretaria de Turismo e Cultura da cidade. Por meio da assessoria de comunicação da prefeitura, o secretário da pasta, Wantuyr Tartari, disse que a recuperação do prédio vai além do objetivo de criar uma nova sede para a secretaria.

“É o resgate da história e autoestima de um povo batalhador que tem na antiga estação um dos símbolos do desenvolvimento local”, disse.

Na cidade, os passageiros deixaram de ter o trem como opção de transporte na estação em janeiro de 1999, mas o local seguiu servindo para o despacho de cargas por mais alguns anos.

A partir do momento em que deixou de ser utilizada para o transporte de cargas, no início da década de 2000, passou a sofrer deterioração constante nos anos seguintes, com perda gradual de telhas da plataforma de embarque, pichações, vidros quebrados, furtos e depósito de lixo, até culminar com o incêndio de 2019.

A Estrada de Ferro Sorocabana foi inaugurada em 10 de julho de 1875 e chegou a Epitácio, na divisa com Mato Grosso do Sul (à época apenas Mato Grosso), 46 anos depois, em 1921, quando o ex-presidente Epitácio Pessoa, que governou o país de 1919 a 1922, a visitou.

Em janeiro de 1936, o então povoado foi elevado à categoria de distrito de Presidente Venceslau e, em dezembro de 1948, tornou-se município autônomo e homenageou o ex-presidente que a visitou.

A estação, porém, foi inaugurada apenas no ano seguinte à visita presidencial. Agora, caso o prazo seja cumprido, ela celebrará seu centenário sendo utilizada, o que não ocorreu nas duas últimas décadas.

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Perto do centenário, estação destruída por incêndio começa a ser recuperada https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/08/23/perto-do-centenario-estacao-destruida-por-incendio-comeca-a-ser-recuperada/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/08/23/perto-do-centenario-estacao-destruida-por-incendio-comeca-a-ser-recuperada/#respond Sun, 23 Aug 2020 10:40:03 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/PP-1-320x213.jpeg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=1926 Um ano após ter sido atingida por um grande incêndio e prestes a completar cem anos de inauguração, a histórica estação ferroviária de Presidente Epitácio passará por restauro para abrigar órgãos ligados ao turismo.

Importante para o desenvolvimento econômico da região, a estação foi parcialmente destruída –sobraram apenas as paredes– em 26 de agosto de 2019, no que foi apenas mais um episódio envolvendo o abandono vivido por ela, que já abrigava moradores de rua e usuários de drogas nas duas últimas décadas.

Ela foi essencial não só por amplificar a economia da cidade e municípios vizinhos, mas também por ser a última estação da Estrada de Ferro Sorocabana, que no mês de julho completou 145 anos de sua inauguração.

Aberta em 1º de maio de 1922, a estação está sendo recuperada há um mês e a previsão é de que as obras durem, no total, oito meses.

A restauração vai custar R$ 459 mil, além de contrapartida municipal, e será paga principalmente com recursos de convênio com o Dadetur (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento do Turismo), órgão da Secretaria do Turismo que atende cidades paulistas estâncias turísticas, caso de Presidente Epitácio.

Após a conclusão, de acordo com a prefeitura, o imóvel abrigará a pasta do Turismo e Cultura local, além de um ateliê e o acervo histórico da cidade.

Os passageiros deixaram de ter o trem como opção de transporte na estação em janeiro de 1999, mas o local seguiu servindo para o despacho de cargas por mais alguns anos.

A partir do momento em que deixou de ser utilizada para o transporte de cargas, no início da década de 2000, passou a sofrer deterioração permanente nos anos seguintes, com perda gradual de telhas da plataforma de embarque, pichações, vidros quebrados, furtos e depósito de lixo, até culminar com o incêndio do ano passado.

A Estrada de Ferro Sorocabana foi inaugurada em 10 de julho de 1875 e chegou a Epitácio, na divisa com Mato Grosso do Sul (à época apenas Mato Grosso), 46 anos depois, em 1921, quando o ex-presidente Epitácio Pessoa, que governou o país de 1919 a 1922, a visitou.

Em janeiro de 1936, o então povoado foi elevado à categoria de distrito de Presidente Venceslau e, em dezembro de 1948, tornou-se município autônomo e homenageou o ex-presidente que a visitou.

A estação, porém, foi inaugurada apenas no ano seguinte à visita presidencial. Agora, caso o prazo seja cumprido, ela celebrará seu centenário sendo utilizada, o que não ocorreu nas duas últimas décadas.

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Conheça a história da ferrovia na cidade em que Washington Luís foi prefeito https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/08/09/conheca-a-historia-da-ferrovia-na-cidade-em-que-washington-luis-foi-prefeito/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/08/09/conheca-a-historia-da-ferrovia-na-cidade-em-que-washington-luis-foi-prefeito/#respond Sun, 09 Aug 2020 10:50:36 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2020/08/WhatsApp-Image-2020-08-01-at-18.36.43-320x213.jpeg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=1888 A história das ferrovias no interior de São Paulo é marcada pelo desenvolvimento de cidades inteiras a partir de estações  ferroviárias e pelo impulso que deram à economia dos municípios, mas há um caso em que ela foi porta de entrada para um futuro presidente da República, recebeu dom Pedro 2º pouco antes do fim do período imperial e serviu de embarque para um político nativo que seria governador de São Paulo.

Quando a estação de Batatais, na região de Ribeirão Preto, foi inaugurada em 1886 com a presença de dom Pedro 2º e de sua mulher, a imperatriz Teresa Cristina, o local já era cidade havia quase cinco décadas, mas foi a chegada da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro que a desenvolveu, graças à elite cafeeira que buscava formas de escoar sua produção até o porto de Santos.

Essa mesma elite enfrentava problemas como disputa por terras e precisava de mão de obra jurídica qualificada para resolvê-los, o que atraiu para a cidade nomes como Washington Luís (1869-1957), que deixou o Rio de Janeiro para se aventurar a advogar no interior paulista.

Batatais, município que hoje tem 62 mil habitantes, data oficialmente de 1839, quando Venâncio José Lisboa, presidente da Província de São Paulo, promulgou lei tornando a então freguesia em vila.

Embora tivesse importância econômica com suas fazendas de café, o núcleo urbano era pequeno, tanto que em 1872 limitava-se a 13 ruas e 3 praças, conforme documentos do Arquivo da Câmara de Batatais.

As ruas partiam do Largo da Igreja Matriz –hoje santuário, que abriga importante acervo sacro de Candido Portinari (1903-1962)– e tinham naquele ano as seguintes denominações: direita, de baixo, do canto, do cemitério, do theatro, do commercio, do outro mundo, de cima, da outra banda, do chafariz, do castello, da cadeia e das palmeiras.

O desenvolvimento real, porém, começou mesmo em 25 de outubro de 1886, quando a Mogiana chegou à cidade e tornou-a um entreposto comercial, acelerando sua urbanização.

Foi nesse contexto desenvolvimentista a partir da ferrovia que Washington Luís chegou à cidade. À época, a região toda passou a atrair estrangeiros –notadamente italianos– e também migrantes de outros estados, de olho no capital proveniente do “ouro verde”, como o café era chamado.

O então jovem advogado que seria presidente três décadas depois teve grande envolvimento com a elite local e com a comunidade, tanto que se tornou vereador e foi intendente (o prefeito da época). Essa história é bem contada no livro “Washington Luís e a Modernização de Batatais”, de Robson Mendonça Pereira (Annablume, 2005).

Em 1898, segundo relatório do já então intendente, em sete anos as edificações de Batatais praticamente dobraram. Dos 420 imóveis existentes em 1891, o total chegou a 800, naquele ano.

A ferrovia foi tão importante para Batatais que, em 1909, aquele pequeno povoado de antes da chegada dos trilhos já tinha 25.168 habitantes, ou 40% de sua população atual. Era maior, por exemplo, que Franca, à época com 10.406 moradores (e que hoje tem 353 mil habitantes).

Nos anos seguintes, com a expansão cafeeira, a estação ferroviária original passou a ser alvo de questionamentos e a comunidade começou a pedir o surgimento de uma nova, mais moderna.

“Hoje, Batatais, muito aumentada, cidade moderna, está a exigir da estrada de ferro que nos serve, mais uma remodelação na atual estação, senão, mesmo, a construção de uma nova”, escreveu o jornal “Folha de Batatais” em sua edição de 5 de maio de 1934.

Passageiros e funcionários da Mogiana posam para foto em 1886 na estação de Batatais (Reprodução)
Passageiros e funcionários da Mogiana posam para foto em 1886 na estação de Batatais (Reprodução)

Quatro anos depois, o prédio atual foi inaugurado. Ele ainda atendeu passageiros por mais quatro décadas, até que passou a servir apenas ao transporte de cargas e, depois, nem isso.

Os trilhos foram retirados em 1988, como ocorreu em boa parte do interior paulista, e a estação ficou fechada por muitos anos, até ser transformada em sede da guarda municipal e, também, depósito. Parte do trecho em que um dia houve trilhos foi asfaltado e virou uma estrada vicinal.

Um incêndio danificou a estação no fim dos anos 90, mas ela foi reformada e hoje atende a múltiplas finalidades culturais da cidade –até por ser espaçosa, uma das maiores da Mogiana.

Ali está, por exemplo, o museu Washington Luís, que apesar de homenagear o ex-presidente que um dia chegou à cidade pelos trilhos da ferrovia, não abriga apenas peças ligadas ao político.

Também sedia uma biblioteca que leva o nome de Altino Arantes (1876-1965) –filho ilustre do município que foi governador do estado e deu nome a Altinópolis, cidade vizinha–, a sede temporária da banda marcial, curso de pintura e sala de exposições, além de abrigar eventos variados em frente à estação, como festivais de música.

A intenção da administração é ampliar o museu, com a criação de um pequeno auditório na estação, assim que a banda for transferida para um novo espaço, segundo o secretário de Cultura e Turismo, Luciano Dami.

Apesar das várias atividades existentes na estação, não há um acervo relevante sobre a memória ferroviária do município –apenas alguns documentos. Segundo o secretário, um dos projetos futuros é obter uma locomotiva vazada, que simbolize a história da ferrovia para a cidade, para ser exposta no local, além de atrações que levem moradores e turistas ao espaço –a cidade é estância turística.

“A história da estação é muito importante para o município, pois foi o caminho de entrada, inclusive de grandes figuras históricas, como Washington Luís, e também de embarque de pessoas que saíram daqui para se destacar fora, como Altino Arantes”, afirmou.

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Quase centenário, relógio da estação de Campo Grande volta a funcionar https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/07/12/quase-centenario-relogio-da-estacao-de-campo-grande-volta-a-funcionar/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/07/12/quase-centenario-relogio-da-estacao-de-campo-grande-volta-a-funcionar/#respond Sun, 12 Jul 2020 17:25:02 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2020/07/1.jpg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=1755 Paralisado havia quase uma década, o relógio da estação ferroviária de Campo Grande (MS) foi recuperado e voltou a funcionar. A estação da capital também passou por reforma.

Um dos ícones do desenvolvimento ferroviário nas primeiras décadas do século passado, o relógio era visto como uma espécie de Big Ben pelos moradores, que o utilizavam no decorrer das décadas como padrão para acertar os relógios.

A estação ferroviária de Campo Grande, inaugurada em setembro de 1914, é reconhecida pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) como patrimônio cultural brasileiro desde 2009.

De acordo com o órgão, foram investidos cerca de R$ 40 mil no reparo do relógio, que teve o mostrador e a máquina trocados e contou com a instalação de um sistema de retroiluminação com timer.

Na estação, que compõe o conjunto do complexo ferroviário histórico e urbanístico da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, esquadrias e a fachada foram pintadas.

O complexo ferroviário da capital sul-matogrossense, incluindo as edificações, trilhos e viadutos, foi tombado pelo Iphan com o objetivo de preservar o que o conjunto representa para o desenvolvimento econômico de Campo Grande.

A chegada dos trilhos da Noroeste do Brasil foi um dos acontecimentos mais importantes para a cidade, que viu serem construídos em seu entorno escritórios, oficinas, armazém, rotunda de manutenção, caixa d’água, escola e casas.

FIM NOS ANOS 90

O trem de passageiros da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil desapareceu definitivamente em junho de 1996, após 90 anos de operação.

A última linha de passageiros do trem que ainda estava em operação, entre Campo Grande e Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, foi desativada pela então RFFSA (Rede Ferroviária Federal S.A.) sob o argumento de falta de segurança para os passageiros em razão do estado dos trilhos e dormentes. A rota tinha 303 quilômetros de extensão.

O primeiro trecho foi desativado três anos antes, entre Bauru (SP) e Campo Grande. Dois anos depois, a rota entre Campo Grande e Corumbá –que atraía turistas por atravessar o Pantanal– também deixou de operar.

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No interior da Paraíba, estação histórica renasce após dois anos de restauração https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/06/21/no-interior-da-paraiba-estacao-historica-renasce-apos-dois-anos-de-restauracao/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/06/21/no-interior-da-paraiba-estacao-historica-renasce-apos-dois-anos-de-restauracao/#respond Sun, 21 Jun 2020 23:42:15 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2020/06/2018-ramesses-Henrique-min.jpg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=1696 Considerada o marco do surgimento do município, a estação ferroviária de Duas Estradas, no brejo paraibano, foi restaurada após dois anos de recuperação do histórico prédio.

Inaugurada em 1904, a estação começou a ser reformada em 2017 na cidade de 3.596 habitantes e distante 113 km da capital da Paraíba, João Pessoa, junto com dois outros imóveis centenários existentes no entorno.

Duas Estradas surgiu vinculada à história ferroviária. Em 1903, o fazendeiro Antônio José da Costa, ao saber que a inglesa Great Western construiria uma ferrovia nas proximidades, procurou a empresa e propôs ceder terras da fazenda Alegre para a construção da estação.

A proposta foi aceita e a ferrovia entrou em operação em janeiro do ano seguinte, no trecho ligando Recife a Natal. Costa escoava sua produção pela ferrovia e, como era dono das terras no entorno, iniciou atividades comerciais nas proximidades. Com isso, surgiram comércio e casas e o local passou a ser chamado Vila Costa.

A vila cresceu e, como entre a estação e o armazém da companhia havia o encontro de duas estradas –a de ferro e a de barro–, o local ganhou esse nome e, em dezembro de 1961, foi transformado em município.

Até os anos 90, o transporte de cargas ainda era recorrente na cidade, conforme a prefeitura, mas já não transportava mais passageiros e o prédio se deteriorava a cada dia. Parte dos trilhos segue no local.

A estação no município do interior da Paraíba antes do início do processo de restauração (Divulgação)
A estação no município do interior da Paraíba antes do início do processo de restauração (Divulgação)

“A restauração teve como principal objetivo dar aos moradores o sentido de pertencimento. O complexo, com a estação e o armazém da companhia, é onde tudo começou, e estava escanteado, abandonado, mesmo ficando no centro da cidade”, disse Flávia Rocha, secretária de Cultura e Turismo de Duas Estradas.

SEM ACADEMIA

Para a estação ser restaurada, porém, foi necessária a retirada de uma academia ao ar livre que existia no entorno e tinha sido instalada sem autorização do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), conforme a secretária. O complexo é tombado pelo órgão federal.

Após a restauração, concluída há um ano, o prédio passou a abrigar uma biblioteca municipal. “A academia atrapalhava o visual da estação e, enquanto não saiu dali, não conseguimos restaurar.”

Além de usuários da biblioteca, a estação passou a atrair pessoas para projetos voluntários, como o “chá da estação”, em que os participantes levam bolos, biscoitos e bebidas e se reúnem para conversar.

De acordo com a prefeitura, foram investidos R$ 50 mil na reforma. A ideia é transformar um imóvel no entorno, que foi construído para um dos filhos do fundador da cidade, em centro cultural.

“A gente sabia que era importante [restaurar], mas só percebemos de fato isso depois de a obra estar pronta”, afirmou.

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Estação é revitalizada em Espírito Santo do Pinhal depois de ter virado armazém https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/06/14/estacao-e-revitalizada-em-espirito-santo-do-pinhal-depois-de-ter-virado-armazem/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2020/06/14/estacao-e-revitalizada-em-espirito-santo-do-pinhal-depois-de-ter-virado-armazem/#respond Sun, 14 Jun 2020 11:15:17 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2020/06/foto.jpg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=1648 Depois de ser utilizada até como armazém de uma cooperativa e precisar de laudo para provar que não estava contaminada, a estação ferroviária de Espírito Santo do Pinhal está renascendo num processo de recuperação que deverá ser concluído até o final deste ano.

Inaugurada em 1913 para atender aos interesses dos cafeicultores do interior de São Paulo, a estação fazia parte da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e substituiu um prédio ainda mais antigo, construído em 1889, quando a ferrovia chegou à cidade.

Essa primeira estação foi demolida, pois estava obsoleta para armazenar o volume de café produzido pelos fazendeiros da região, que tinha como destino o porto de Santos.

A estação, e a história local, estão totalmente vinculadas ao café. O núcleo histórico da cidade, formado por 11 imóveis da elite cafeicultora e construídos entre 1880 e 1920, está tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) desde 1992.

Imagem do início do século 20, quando o prédio em Espírito Santo do Pinhal foi inaugurado (Reprodução)
Imagem do início do século 20, quando o prédio em Espírito Santo do Pinhal foi inaugurado (Reprodução)

Eles se caracterizam pela implantação no alinhamento frontal do lote, “pelo estilo eclético de influência neoclássica e pela técnica construtiva em alvenaria de tijolos”, conforme o órgão do governo paulista. A cidade foi fundada na segunda metade do século 19 e originou-se da fazenda Pinhal.

O ramal de Pinhal tinha 37 quilômetros a partir de Mogi Guaçu, na chamada linha tronco da Companhia Mogiana, e atendeu passageiros e produtores rurais até o final de 1960, quando foi fechado pela empresa ferroviária.

SEM TRILHOS

Os trilhos foram retirados sete anos depois, segundo a historiadora Valéria Aparecida Rocha Torres, que coordena o projeto de educação patrimonial em torno do restauro, e a estação, quando não estava fechada, foi utilizada para variadas finalidades desde então.

Antes de ser decidida a sua restauração, foi usada como sede e armazém de uma cooperativa, que ficou no imóvel por 20 anos e o desocupou em 2019, conforme a historiadora.

O restauro começou a ser feito em setembro do ano passado, depois de um laudo da Cetesb (companhia ambiental de São Paulo) atestar que o local não tinha contaminação depois de duas décadas servindo a cooperativa.

“Será um centro de convivência. Além de revitalizar, vamos requalificar o local. O prefeito, via Ministério Público, precisou intervir para a cooperativa sair. Já a Promotoria afirmou também que havia interesse histórico no prédio e que ele deveria ter outro fim, com a iminência do restauro”, disse.

Todas as telhas antigas foram retiradas e lavadas no processo de recuperação da estação (Divulgação)
Todas as telhas antigas foram retiradas e lavadas no processo de recuperação da estação (Divulgação)

Segundo ela, o projeto é abrangente e, de sua parte, a intenção inicial era contribuir com a formação de alunos de história e parte do material que está sendo produzido será transformado em livro.

“Quero montar um quiosque para as pessoas que têm relação afetiva, de história, que venham dar o seu depoimento. É mais um momento de recuperação da memória em termos da ferrovia.”

Uma das respostas que a historiadora disse buscar tem elo com o fim melancólico que a maioria das estações e das companhias ferroviárias tiveram em solo paulista.

“É preciso entender a enorme importância do trem para o desenvolvimento do país, mas também compreender a razão de ele ter sido abandonado. Havia todo um discurso do trem como progresso, mas quando chegaram os ônibus e as rodovias, o discurso mudou. O trem ficou lento, deixou de servir, houve uma descontrução. Foi muito fácil o desmonte, quase não houve resistência.”

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Em Conchas, estação esquecida pelo tempo simboliza abandono ferroviário https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2019/12/01/em-conchas-estacao-esquecida-pelo-tempo-simboliza-abandono-ferroviario/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2019/12/01/em-conchas-estacao-esquecida-pelo-tempo-simboliza-abandono-ferroviario/#respond Sun, 01 Dec 2019 11:21:56 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2019/11/IMG_4039-1-320x213.jpg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=1328 Algumas estações antigas foram tombadas por órgãos de preservação do patrimônio, seja pelos seus estilos arquitetônicos ou por sua importância cultural e econômica no período em que foi construída.

É o caso, por exemplo, do conjunto da estação ferroviária de Piraju (a 334 km de São Paulo), que pertenceu à Estrada de Ferro Sorocabana, foi inaugurado em 1908 e projetada por Ramos de Azevedo.

Ou, ainda, do complexo ferroviário de Cruzeiro (a 219 km da capital), que pertenceu à Estrada de Ferro Central do Brasil e à antiga The Minas and Rio Railway Company e que foi tombado por ser responsável pela formação de um núcleo urbano diferenciado dos demais do Vale do Paraíba.

Ambos são tombados pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo).

Não é o caso da estação ferroviária de Juquiratiba, em Conchas (a 180 km de São Paulo), que é mais recente e não tem apelo histórico ou arquitetônico. 

Embora inaugurada ainda em 1888, a construção do prédio atual data de 1952 e não apresenta características marcantes em outras estações, como sua imponência. Ao contrário.

O imóvel que atendeu a Estrada de Ferro Sorocabana recebeu ampliações depois de construído que não seguiam o modelo de construção adotado, o que o deixou com características clássicas de puxadinhos.

Em péssimo estado e ainda com trilhos, a estação era usada como moradia por quatro famílias quando o blog lá esteve e estava tomada por mato no entorno, tinha vagões e ferros retorcidos abandonados e era marcada por forte cheiro de lixo.

Uma moradora disse pagar aluguel a um dono, que não foi encontrado pela Folha. Questionada, a SPU (Secretaria de Patrimônio da União) informou que a estação estava em processo de incorporação pela União.

Na avaliação do pesquisador ferroviário Ralph Mennucci Giesbrecht, um agravante em São Paulo é que os órgãos que deveriam cuidar não quiseram fazer isso no estado. “Em Minas Gerais, há várias [estações] recuperadas pelo Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional], mas aqui não, e estações que fecharam mais recentemente, nos anos 90, como a de Conchas, acabaram ficando num limbo”, disse.

Os trilhos ainda estão em Juquiratiba, mas o único movimento de vida que se vê neles são dos cachorros e gatos que vivem no entorno e de urubus, em busca de alimentos.

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Fechada há 50 anos, estação utilizada no transporte do ‘ouro verde’ vive abandono https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2019/09/29/fechada-ha-50-anos-estacao-utilizada-no-transporte-do-ouro-verde-vive-abandono/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2019/09/29/fechada-ha-50-anos-estacao-utilizada-no-transporte-do-ouro-verde-vive-abandono/#respond Sun, 29 Sep 2019 10:10:07 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/Silveira-do-Val-3-min-320x213.jpg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=1102 Inaugurado em 1913, o prédio da estação ferroviária Silveira do Val, em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), em nada lembra o passado glorioso que já viveu.

Surgida para escoar a produção cafeeira –o chamado “ouro verde”– das grandes fazendas existentes em Ribeirão e cidades vizinhas, a estação tem atualmente portas e janelas danificadas e telhado sob risco de ruir.

Ela surgiu como uma estação do chamado ramal de Jataí, que foi desenvolvido entre 1910 e 1913, e atendia a CMEF (Companhia Mogiana de Estradas de Ferro).

Foi uma das quatro estações do trecho, a última antes da antiga estação Ribeirão Preto, que foi demolida no final da década de 1960 na avenida Jerônimo Gonçalves, no centro da cidade. A distância entre Silveira do Val e a antiga estação central –cuja área hoje abriga uma unidade de saúde– é de 10 quilômetros.

De sua plataforma, é possível ter uma ampla visão dos edifícios da região central e da avenida João Fiúsa, na zona sul da cidade.

Ela operou de forma ininterrupta até dezembro de 1969, quando perdeu status e passou a ser uma simples parada, como aconteceu em dezenas de outros locais atendidos pela Mogiana no declínio do sistema ferroviário.

Vista do interior da estação Silveira do Val, que pertenceu à Mogiana (Marcelo Toledo/Folhapress)

O FIM

Sem uso, ainda manteve os trilhos por mais dez anos, até que eles foram retirados, marcando o fim da história do ramal de Jataí, numa época em que seu entorno já estava tomado por lavouras de cana-de-açúcar, cultura que substituiu o café na região de Ribeirão Preto.

A abandonada e precária estação, outrora responsável por ajudar a escoar a produção que gerava a riqueza da região, tem uma situação emblemática: fica 1,1 quilômetro aos fundos da fazenda que abriga todos os anos a Agrishow, principal evento de tecnologia no campo do país –que, em 2019, movimentou R$ 2,9 bilhões em intenções de negócios em apenas cinco dias.

Além do prédio da estação, a antiga caixa d’água que abastecia o local está de pé, em meio ao mato.

Ao fundo, edifícios de Ribeirão Preto vistos a partir da estação Silveira do Val (Marcelo Toledo/Folhapress)

A Silveira do Val não tem tombamento do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo).

“Todas [as antigas estações] deveriam ter, mesmo que em ruínas, pois nelas se fez a história do interior do país”, afirmou Denis Esteves, presidente do Instituto do Trem de Ribeirão Preto. Na cidade, somente a estação Barracão tem proteção do órgão estadual.

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Sem-terra invadem estação ferroviária abandonada em fazenda no interior https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2019/04/07/sem-terra-invadem-estacao-ferroviaria-abandonada-em-fazenda-no-interior/ https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/2019/04/07/sem-terra-invadem-estacao-ferroviaria-abandonada-em-fazenda-no-interior/#respond Sun, 07 Apr 2019 10:01:18 +0000 https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/files/2019/03/IMG_3995-min-320x213.jpg https://sobretrilhos.blogfolha.uol.com.br/?p=798 Cento e oito anos atrás ela foi inaugurada e passou a receber trens da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro em busca do ouro verde, como era chamado o café produzido nas lavouras paulistas e exportado a partir do porto de Santos.

Grande, a estação Coronel Pereira Lima, em Sales Oliveira (a 364 km de São Paulo), dá a dimensão do que representou a partir de sua inauguração, em 1910.

Bem localizada –fica na zona rural da cidade, a apenas 2,6 quilômetros da rodovia Anhanguera, uma das principais do país–, ela porém não sabe o que é receber um trem há quase quatro décadas.

Abandonada, fica numa fazenda que foi invadida por integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que a reivindicam para a reforma agrária.

Para piorar o cenário, órgãos públicos não se entendem sobre de quem é a responsabilidade pela preservação da estação, que não é um caso isolado.

reportagem percorreu 2.000 quilômetros de estradas no interior paulista, parte deles em vias de terra, em busca de estações “perdidas” por descaso, ou em locais hoje de difícil acesso, que pertenceram às companhias Paulista, Mogiana, Sorocabana, Araraquara e São Paulo-Minas. Elas originaram a Fepasa (Ferrovia Paulista S.A.), em 1971.

O cenário geral é de abandono e depredação. Houve casos em que a reportagem dirigiu 15 quilômetros em estradas de terra para chegar às estações, às vezes até sem energia elétrica, mas mesmo assim alvo de invasões e de depreciação do patrimônio público.

Em meio a lavouras de cana-de-açúcar, a Coronel Pereira Lima hoje abriga o acampamento Vanderley Caixe (1944-2012), nome dado em homenagem ao advogado defensor dos direitos humanos, dos sem-terra e um dos fundadores das Faln (Forças Armadas de Libertação Nacional), grupo opositor à ditadura militar (1964-85) organizado e nascido em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo).

Seus integrantes –20 famílias– ergueram há cerca de seis anos barracos ao lado da plataforma de embarque da antiga estação, que tem um dos cômodos utilizados como local de reuniões do MST e também como sala de aula de cursos oferecidos no local.

Um dos salões da antiga estação é usado pelos sem-terra para reuniões e cursos (Marcelo Toledo/Folhapress)

Além da própria plataforma –que recebeu lâmpadas para encontros noturnas do grupo e para dar mais segurança aos acampados–, o cômodo é o único espaço em condições de uso na estação, que enfrenta problemas no piso das outras áreas e sofre com comprometimento no telhado.

“Nunca pensamos em ocupar a estação, ao contrário, ela deve ser preservada. Ali há história viva, que precisa ser mantida. O problema é que é muito difícil manter sem apoio”, disse Neusa Botelho Lima, integrante da direção estadual do MST.

Moradores do local, que plantam hortaliças e frutas, disseram que demolir o prédio nunca fez parte dos planos.

Das lousas que indicavam os horários de chegada e partida dos trens, da placa que mostrava a quilometragem e dos dísticos –onde ficam escritos os nomes das estações, nas paredes laterais– pouco resta.

Os invasores ouvidos pela Folha alegam que o objetivo é usar a estação como escola e espaço cultural, caso consigam a posse definitiva das terras da valorizada propriedade rural.

Ainda há casas da antiga vila ferroviária no entorno, que também sofrem com a ação do tempo, além de vandalismo –a única proteção nas últimas décadas foi uma cerca de arame farpado.

“Ninguém toma conta e só as paredes estão resistindo bem”, disse o agricultor Leônidas Silva, que trabalha numa propriedade rural próxima à estação.

HISTÓRIA

A estação de Sales Oliveira surgiu antes mesmo da instalação oficial da cidade, o que ocorreu em 1945. Ela fazia parte do ramal de Igarapava da Mogiana, aberto em 1899. Nas primeiras décadas, era chamada de Porangaba, mas teve o nome alterado na década de 50 para homenagear o coronel dono da fazenda em que ela estava.

Os trilhos não existem mais –nem vestígios há– desde que a também já extinta Fepasa os retirou na segunda metade dos anos 80.

Nem eram necessários à época, pois cargas e passageiros já não passavam por ali desde 1979, quando houve alteração no antigo traçado da Mogiana, conforme documentos da Fepasa.

Quando a rota dos trilhos foi alterada, surgiu outra estação, homônima e bem menor, inaugurada nos anos 80 e que, apesar de ainda ter os trilhos, também está fechada. É uma pequena estação, quase um ponto de ônibus, que abrigava os poucos passageiros que ali aguardavam os trens até 1997, quando o serviço foi desativado.

Há, ainda, outras duas estações no município. Uma abriga serviços públicos, enquanto a outra serve como moradia.

CONFLITO

A depender da atuação de órgãos públicos na preservação da estação, o futuro da Coronel Pereira Lima é altamente incerto.

A SPU (Secretaria de Patrimônio da União), vinculada ao Ministério do Planejamento, informou ainda no ano passado que está aguardando a transferência da estação pela inventariança da extinta RFFSA (Rede Ferroviária Federal).

Já a inventariança informou que, com a extinção da RFFSA, regulamentada por meio de um decreto de 2007, a propriedade dos bens imóveis não-operacionais –caso da antiga estação– foi transferida para a União, representada pela SPU.

Não-operacional é um bem que não fez parte do arrendamento às concessionárias de transporte ferroviário de cargas na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Os sem-terra afirmam que, conflitos governamentais à parte, as terras pertencem ao governo federal e estão inutilizadas, sem cumprir sua função social, razão pela qual devem ser incluídas na reforma agrária.

Enquanto esse imbróglio não se resolve, telhado apodrece, janelas e portas caem e parte da história é destruída a cada dia na cidade do interior paulista.

É um cenário que difere do encontrado em Pitangueiras, na estação Passagem. O local também teve o entorno invadido por membros da USTS (União dos Sem-Teto e Sem-Terra de Sertãozinho), mas a estação, embora não tenha portas e janelas definitivas, foi pintada com cores semelhantes às originais pelos novos moradores da região.

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